O ano letivo de 2016 tem um início instigante. Estimula todos os que estão empenhados em aprimorar a escola pública a atingir níveis ótimos de eficiência a encontrarem os melhores caminhos. Incentiva a criatividade, a audácia e até a ousadia, pois ninguém desconhece a dramática situação da República. A policrise afeta a rotina da Nação, pois a recessão implica em contínua queda de arrecadação e isso compromete a integralização orçamentária.
Todavia, a crise é a instância ideal para que o ser humano surpreenda. Inove, faça mais com menos, pense naquilo que nunca se fez e que se poderia tentar agora.
O bom é que o sistema paulista ostenta uma história gloriosa. Foi Prudente de Moraes quem, nos albores da República, imaginou uma escola pública efetivamente voltada à edificação da cidadania. Muito antes da Constituição Cidadã de 1988 proclamar que o objetivo da educação é o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, já se idealizava aquilo que gerações solidificaram com trabalho amorável. Sem amor, sem paixão, sem envolvimento emocional com a missão, não se pratica um bom ensino.
São Paulo obteve em 2015 o melhor resultado no Saresp – Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo – nos últimos oito anos. Todas as séries cresceram na média em matemática e em português, à exceção do 3º ano do Ensino Fundamental – que será objeto de uma atenção muito mais focada e carinhosa – também se atingiu a melhor média desde 2008.
A despeito da crise que já ocorria no ano passado, o alunado estudou, o professor ensinou, as equipes de coordenação, supervisão direção e de apoio funcionaram a contento. Há uma longa caminhada pela frente? Ótimo. Toda caminhada tem início com o primeiro passo. E nós estamos nesse caminho há vários anos. Podemos acelerá-lo? Vamos tentar.
2016 se caracterizará pela gestão democrática da escola pública. O aluno terá vez e voz. Elegerá seu Grêmio Estudantil em data única. Poderá colaborar para alterar a normatividade que rege essas entidades importantíssimas. Se o alvo da educação é o aluno, se ele é o destino de tudo o que se investe e faz na escola pública, é legítimo que ele opine sobre seu porvir.
Também se chamará o aluno para rediscutir os regimentos internos das escolas. A escola pública pode ser o celeiro das novas vocações para uma cidadania responsável, que concretize a promessa do constituinte de 1988, de implementar uma Democracia Participativa. Comecemos na escola. O jovem de 16 anos já pode votar. Por que não treiná-lo a discernir, a debater, a mostrar seus desejos, anseios e aspirações e influenciar, decisivamente, a condução da coisa pública?
Pretende-se investir na utilização mais intensa das tecnologias disponíveis. Todos os alunos, em regra, estão permanentemente plugados às redes sociais e têm seus celulares, tablets, smartphones e similares. A comunicação online e imediata é um fenômeno irreversível. Se está a servir para tantas finalidades, já bem consolidada por sua eficiência e confiabilidade, por que não usá-la também para fins pedagógicos?
O sonho que pode ser realidade é formar a escola um lugar de acolhimento, de alegria, com espaço para outras atividades que não apenas as aulas. O ensino integral já está a mostrar que isso é possível. Mas precisamos do aluno, de suas famílias, da sociedade como um todo para fazer parceria com o magistério e demais profissionais da educação. Todos têm um papel a desempenhar na escola pública de São Paulo, a maior rede do Brasil e, seguramente, uma das maiores do Planeta.
Até participar da gestão financeira da escola para que, em ano difícil, o dinheiro do povo seja bem aplicado. Precisamos estimular o aluno, sua família e a sociedade a fiscalizar o bom uso dos recursos financeiros e destinar as economias para suprir as carências do sistema remuneratório e atender às legítimas reivindicações daquele profissional que faz a máquina estatal funcionar.
Bom início de aulas e nos ajudem a implementar verdadeira gestão democrática na escola pública estadual de São Paulo.