Ainda não se tem a medida clara sobre o tamanho da polarização e seu impacto nas eleições de 2024. Em uma eleição municipal, os eleitores estão mais preocupados com a solução de problemas cotidianos, relacionados, por exemplo, ao ônibus, praças, calçadas, porém, não se pode subestimar o poder da polarização.
Em São Paulo, o confronto entre bolsonarismo e lulismo está traçado. De um lado, o deputado federal, Guilherme Boulos, que já recebeu apoio oficial do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua pré-candidatura e, de outro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sinalizando apoio à pré-candidatura do deputado federal Ricardo Salles (PL-SP).
No ABC, São Bernardo é uma das prioridades do presidente Lula, que já chegou a afirmar que “é questão de honra” a conquista de São Bernardo, berço da fundação do PT. Para 2024, Lula já anunciou apoio ao deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT). Até o momento, o bolsonarismo não anunciou apoio a nenhuma pré-candidatura, mas, nos bastidores, o comentário é de que a pré-candidatura do deputado federal Alex Manente (Cidadania) deverá representar a direita.
Em Santo André, a aposta do PL, partido de Bolsonaro, é o atual vice-prefeito Luiz Zacarias (PL), já o PT deverá lançar Bete Sira-que (PT) na disputa, mas a esquerda ainda terá outra opção, o pré-candidato do PSB, o vereador Eduardo Leite. Apesar disso, o cenário ainda não se definiu, posto que o prefeito Paulo Serra (PSDB) ainda não escolheu quem vai apoiar. Por enquanto, o nome apontado como favorito é o do advogado Leandro Petrin.
Em São Caetano, o prefeito José Auricchio Júnior (PSDB), ao que tudo sugere, deverá apoiar a chapa Regina Maura (PSDB), Leandro Prearo (PSD), ainda sem definição de qual deles será o candidato a prefeito e qual será o vice. Também entraram no páreo o ex-vereador Fabio Palacio (Podemos) e o ex-presidente da Câmara, o vereador Tite Campanella (Cidadania). Nessa semana, o presidente estadual do Republicanos, Roberto Carneiro, revelou ao Estadão, que a sigla deve filiar Tite para concorrer na cidade, e assim, ser o candidato do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), na cidade, nas eleições de 2024.
Em Mauá, o atual prefeito Marcelo Oliveira (PT) receberá o apoio de Lula, na disputa pela reeleição, mas enfrentará o vereador Sargento Simões (PL), que irá colar na imagem de Bolsonaro. Ainda haverá na disputa o deputado estadual Atila Jacomussi (sem partido) e o Juiz João (PSD), aliado de Tarcísio que comanda a Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Casa).
Em Diadema, o apoio de Lula se dará à reeleição do atual prefeito, José de Filippi Júnior (PT) que terá como adversário o presidente da autarquia SPObras, Taka Yamauchi (MDB), aliado do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. Assim, a aliança de Nunes com Tarcísio na capital aumenta as chances de Taka receber o apoio do governador. Em Ribeirão Pires, Guto Volpi (PL), deverá receber apoio bolsonarista para a reeleição.
Contudo, qual será a capacidade de aglutinar votos do bolsonarismo na eleição de 2024? Inelegível, tenderá a se vitimizar perante aos seus apoiadores como alvo de processo de perseguição, buscando mantê-los unidos, rumo a 2026. Mas, seu futuro ainda passará pelo 8 de janeiro e pela delação de Mauro Cid. Já a “transferência de votos” de Lula passará, principalmente, pela avaliação popular de seu governo, que enfrenta desafios como respostas a problemas atuais que urgem por soluções que vão além da reedição dos programas sociais que lhe renderam alta aprovação em mandatos anteriores.
Tudo isso, ainda somado ao histórico eleitoral de 2022, onde Lula foi o mais votado em Diadema (60% dos votos), Mauá (53%), Rio Grande da Serra (56%), São Bernardo (54%) e Bolsonaro, em Ribeirão Pires (51%), Santo André (52%) e São Caetano (60%). A conferir.