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Endividamento atinge quase 80% das famílias brasileiras

O índice de famílias brasileiras endividadas subiu pelo terceiro mês consecutivo, atingindo o recorde de 79,3% em setembro. Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revelam que 80,3% das famílias com renda de até dez salários mínimos estão endividadas. É o maior patamar já registrado na série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) e a primeira vez com taxa acima dos 80%. No grupo de famílias com maior renda, a proporção de endividados se manteve estável, atingindo 75,9% deste público. Na pesquisa da CNC, são consideradas dívidas a vencer no cheque pré-datado e cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, cartão de crédito, empréstimo pessoal e prestação de carro e de casa.

   Em São Paulo, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), no mês de setembro, 1 milhão de lares estavam com dívidas em atraso. Isso representa que uma a cada quatro famílias tem dívidas em atraso na Capital. Na avaliação da FecomercioSP, apesar do mercado de trabalho estar mais aquecido e ser notável o início de uma desaceleração da inflação, as famílias estão bastante endividadas, a melhora na renda e no emprego não tem surtido um efeito imediato no consumo e, crédito mais caro e seleto também tem dificultado um avanço maior do ímpeto de ir às compras.

   Na avaliação do consultor de estratégias e de gestão e diretor da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Luis Antonio Sampaio da Cruz, o endividamento não é ruim em si. “O problema é a inadimplência. Considero que o alto endividamento ocorreu na maioria dos casos por queda de renda e também por ter havido aquisições de bens de maior valor cuja forma de pagamento se dá através de financiamento. Como exemplos podemos citar habitação, automóveis, eletrônicos eletrodomésticos e viagens. Não se pode esquecer também das compras com cartão de crédito e cheque especial”.

   De acordo com a pesquisa da CNC, o cartão de crédito continua sendo o maior vilão dos brasileiros. Em setembro, 85,6% das famílias tinham contas a vencer no cartão de crédito, seguido pelos carnês, 19,4%. Segundo avaliação da entidade, o volume de endividados nos carnês de loja cresceu desde maio deste ano, atingindo o maior nível desde fevereiro, 20,1%. Para 2023, do consultor de estratégias e de gestão e diretor da Acisa, Luis Antonio Sampaio da Cruz, acredita que o endividamento deverá cair nos próximos meses, mas não a inadimplência, que é fruto também de tomada de crédito com juros muito elevados.