Parece que o Brasil não se dá conta de que seu papel no cenário internacional só tem sentido se houver a preservação da Amazônia. O que mais mostrar ao mundo? Quantos cientistas estão aqui a produzir soluções para o planeta? Quantos Nobéis nós já ganhamos? Quantas Universidades nossas estão entre as dez melhores do mundo? Quantas orquestras sinfônicas, quantas bibliotecas, quantos livros o brasileiro lê por ano?
Estamos, sim, bem situados em outros rankings. Que outro país pode mostrar trinta e cinco milhões de nacionais passando fome todos os dias? Somos o terceiro maior encarcerador do globo. Isso é motivo de orgulho? As prisões têm correspondido a um acentuado decréscimo da criminalidade? Onde está outra República que entrega o seu maior patrimônio para a criminalidade organizada, que domina a Amazônia Legal e outros biomas, sem cuidar da regularização fundiária que ao menos mostraria aos brasileiros quais as terras que ainda lhe pertencem?
Por isso, é cômico, não fosse trágico, o protesto do Brasil ante a edição de uma lei pelo Parlamento Europeu, a proibir aquisição de produtos oriundos do desmatamento das florestas. Os vinte e sete países da União Europeia baniram a possibilidade de venda, em seus territórios, de qualquer produto que venha de florestas dizimadas. Não é só madeira, mas soja, café, cacau e borracha. Couro, chocolate, móveis, carvão vegetal, produtos de papel impresso, derivados de óleo de palma e outros.
Qual a autoridade do Brasil para questionar providência tão salutar, considerados os efeitos da mudança climática gerada pela crescente emissão de gases que envenenam a atmosfera?
O recado deveria ter propiciado ao governo brasileiro uma reflexão humilde e ponderada. Fortalecer as promessas de zerar a destruição da floresta. Estimular a bioeconomia, conclamar a Academia, o Terceiro Setor e o empresariado para encarar com seriedade a tragédia amazônica e dos demais biomas, inclusive a nossa maltratada Mata Atlântica.
Berrar e reclamar é conversa de perdedor. Juízo e ação firme e forte, se não quiser continuar a ser considerado “Pária Ambiental” pelas nações civilizadas.