José Renato Nalini Opinião

Escola é refúgio

Alguns dizem que a expressão é inadequada. Mas não vejo outra melhor. As escolas, diante das emergências climáticas, devem servir de refúgio, de abrigo, de lugar para refrigério das crianças.

Basta constatar que a crise climática interrompeu aulas de 1,17 milhão de crianças no Brasil no ano passado. Aqui, o motivo maior foram as enchentes. No restante do mundo, o risco predominante foi o calor.

Foram 242 milhões de crianças e adolescentes de 85 países que tiveram interrupção da vida escolar por causa de eventos climáticos extremos. Foi o que o UNICEF apurou, com o estudo “Aprendizagem Interrompida: um retrato global das perturbações escolares relacionadas ao clima”, divulgado no dia da Educação, 23 de janeiro.

Além das enchentes no Rio Grande do Sul, que tiraram da sala de aula mais de 740 mil alunos, já que 2.338 escolas foram afetadas, houve a seca na região amazônica: mais de cem escolas em áreas indígenas ficaram sem aulas por tempo prolongado.

Temperaturas chegaram a mais de 47º no sul da Ásia e as crianças correram risco de insolação. As crianças são particularmente vulneráveis. Aquecem mais rápido, suam menos e esfriam mais lentamente que os adultos. O excesso de calor prejudica a aprendizagem. Hoje, as crianças brasileiras enfrentam cinco vezes mais dias de extremo calor do que as crianças há cinquenta anos.

Isso ocorre, por perversa coincidência, com a evidência de que a escola brasileira continua necrosada, a transmitir informações estéreis e completamente desligada da vida real e das verdadeiras demandas da sociedade. Os riscos climáticos exacerbam a séria crise de aprendizado que acomete o Brasil há muitas décadas.

Por isso, mãos à obra: as escolas precisam ser climatizadas. Adaptadas para não oferecer riscos aos alunos. E as novas edificações têm de ser de acordo com a natureza. Aquilo que já ia mal, a educação brasileira como um todo, ficará ainda pior com a intensificação dos desastres climáticos. Haja juízo e vontade para proteger nosso futuro.

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