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Estudo revela retração na produção industrial no ABC

No Estado de São Paulo, a produção industrial recuou 2,1%, e o impacto foi sentido diretamente no ABC, que responde por 7,5% do PIB industrial paulista
(Foto: Imagem criada por IA – Divulgação Strong)

O mais recente estudo da Sondagem Industrial do Grande ABC, realizado pela Strong Business School em parceria com a CNI e a FIESP, mostra que a indústria regional atravessa um momento de cautela. Embora alguns indicadores de produção tenham apresentado melhora em relação a 2024, a combinação de custos elevados, retração na confiança e menor intenção de investimentos acende o sinal de alerta para o segundo semestre.

Segundo os dados, a indústria nacional cresceu 1,7% até junho de 2025, desempenho inferior ao 3,5% do mesmo período de 2024. No Estado de São Paulo, a produção industrial recuou 2,1%, e o impacto foi sentido diretamente no ABC, que responde por 7,5% do PIB industrial paulista.

Capacidade instalada e estoques

Entre janeiro e abril, houve alta na utilização da capacidade instalada, que chegou a 76%, acima dos níveis de 2024. Porém, a partir de maio, o índice voltou a cair. Outro ponto crítico foi o comportamento dos estoques: desde outubro de 2024, eles permanecem acima do planejado, completando nove meses nessa condição.

Para o professor Sandro Maskio , economista responsável pela análise e professor da Strong Business School a resiliência da indústria local precisa ser observada de perto:

“Embora o uso da capacidade instalada tenha se mantido em níveis elevados, a queda na intenção de investimentos sugere que os empresários estão mais reticentes em apostar na expansão. Esse comportamento pode impactar diretamente o desempenho da economia regional nos próximos meses.”

Intenção de investimento em queda

Apesar de um início de 2025 promissor, a intenção de investimentos perdeu fôlego em maio e junho. “Esse recuo revela maior incerteza entre os gestores e uma acomodação das decisões estratégicas para expansão”, avalia o Maskio.

Condições financeiras pressionadas

A sondagem também mostrou margens de lucro negativas em comparação ao mesmo período de 2024, reflexo do aumento dos custos de matérias-primas influenciados pelo câmbio e da dificuldade de acesso ao crédito, em razão da manutenção da taxa Selic em patamar elevado.

Confiança empresarial em retração

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) caiu ao longo de 2025, entrando no campo pessimista a partir do segundo trimestre. A piora foi puxada pela queda nas expectativas sobre a economia, em um ano marcado por projeções de crescimento menores e pela proximidade do período eleitoral.

Principais entraves apontados

Entre os maiores problemas relatados pelos empresários do Grande ABC estão:

  • Demanda interna insuficiente (55,6%);
  • Carga tributária elevada (44,4%);
  • Competição com importados (22,2%);
  • Falta ou alto custo de mão de obra (22,2%);
  • Taxas de juros elevadas (22,2%)

“Mesmo com a resiliência da indústria, o cenário é de cautela. Há espaço para crescimento, mas o ambiente de custos elevados e incerteza econômica trava as decisões de expansão”, completa Maskio.

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