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Faixa de pedestres

Quem acompanha o noticiário ouve diariamente sobre a campanha do direito dos pedestres ao atravessarem uma rua, onde, existindo a faixa preferencial, esta deve ser respeitada. Dizem que no momento que um pedestre coloca os pés sobre a faixa, os veículos devem parar.
Isto me fez lembrar alguns fatos.
Meses atrás, eu atravessei a Avenida Prestes Maia, entre as ruas Marechal Deodoro e Rua Santa Filomena. Farol fechado, sem nenhum veículo passando, fui em frente. Nisso entra um carro da Rua Marechal, e perante minha corridinha e meu susto, o motorista gritou: -OLHE A FAIXA…OLHE A FAIXA !!!!
No primeiro momento fiquei indignada, mas em seguida pensei que ele tinha toda razão. Eu poderia ter caminhado mais alguns passos e atravessado tranquilamente e com toda segurança.
Disseram-me que nas grandes estradas, é considerado suicídio quem a atravessa próximo de 10 metros das passarelas. Que nesses casos o motorista não é considerado culpado. Que devido à velocidade dos veículos, é muito difícil brecar quando de repente uma pessoa se coloca em seu caminho. Assim, nós motoristas também somos alvos de tresloucados que fazem de suas vidas uma roleta russa.
Lembro-me que há vinte anos, quando fui ao Japão pela primeira vez (já contei aqui que estive lá durante três anos consecutivos fazendo uma auto vacina contra o câncer) éramos um grupo de 12 pessoas. Ao atravessarmos uma Rua de Tókio, fora da faixa, fomos meio assim… Apressadinhos como todos os brasileiros o são. Apareceu um guarda de trânsito baixinho, gordinho, bem roliço, com seu uniforme marrom e cáqui e o quepe sobre a cabeça, apitando insistentemente chamando nossa atenção. Gritava em japonês, palavras que nenhum de nós entendia, mas entendemos sua mão apontando para a faixa de pedestres. Daí em diante, obedecemos as leis de trânsito daquele país tão educado.
Aqui em São Bernardo, na Rua Marechal Deodoro, devido os grandes quarteirões, com semáforos muito distantes, atravessamos a rua driblando os veículos. Um perigo também são as motos que passam entre os carros. O cuidado é dobrado.
Quando atravesso a Rua João Pessoa, numa faixa próxima a Escola Terra Mater, fico bons minutos aguardando o trânsito diminuir para chegar ao outro lado da rua. Brinco com o segurança da escola que atravesso nesse lugar para ver até que ponto os carros vão respeitar o “meu direito”. Ele respondeu:- Vá esperando que eles vão …rsssss.
Tem mais um problema aí, pois se um carro brecar repentinamente, outro vai bater em sua traseira. Acho difícil a nova lei ser respeitada.
Há pouco tempo passou nos noticiários uma senhora sendo atropelada quando, amparada pela nova lei, atravessava uma rua de São Paulo, achando que os carros iam parar. As câmaras filmaram o flagrante. Outra pessoa que estava ao seu lado disse que ela achava que seu direito seria respeitado.
Realmente não estamos preparados para obedecer a essas regras. Penso que, nem os motoristas e nem os pedestres devem confiar muito na sorte quando dirigem ou quando caminham.
É necessário o máximo da nossa atenção!
Também estamos expostos, tanto uns como outros, aos motoristas ou pedestres que bebem além da conta.
Como disse um senhor na TV a respeito dos veículos:- Temos uma arma nas mãos. O lesado pode ser o próximo… Ou nós mesmos.
Vamos nos cuidar…
Um abraço, Didi

Divanir Bellinghausen Coppini (Didi) é escritora e voluntária em São Bernardo – e-mail: dibelligh@yahoo.com.br