Negócios

France Excellence traz luxo francês e sustentabilidade à São Paulo

Arnaldo Danemberg, Manuel Flahault, Caroline Putnoki e Thierry Vannier

A 4ª edição de France Excellence, o evento mais importante sobre o luxo francês, sob o tema “L’art de (RE)vivre à la française” (a arte de (re)viver à francesa),começa em São Paulo, com o objetivo de abordar a maneira particular da cultura francesa de valorizar os diversos aspectos da vida, com ênfase na qualidade e no contentamento com os pequenos prazeres.

Nesta terça (17), Caroline Putnoki, diretora América do Sul da Atout France, órgão oficial do turismo francês, recebeu jornalistas e convidados para a conferência de imprensa sobre o evento, no antiquário Arnaldo Danemberg Collection.

“Com os números deste ano já temos tudo para ser um sucesso, com mais de 200 profissionais vindo de 12 estados do País para encontrar com 31 empresas francesas, nos encontros B2B. Todos irão trocar ideias, informações e negócios sobre o turismo de luxo no Brasil, na França e sobre o luxo em geral”, explica Caroline.

De acordo com a diretora, o evento France Excellence nasceu há quatro anos para juntar especialistas do universo do luxo de vários setores para poder trazer uma abordagem “peculiar” do luxo à francesa. “Reivindico essa abordagem do luxo à francesa uma abordagem muito cultural, muito ligada ao patrimônio, à gastronomia, à arquitetura, à moda, à cultura”, diz.

Atualmente, já são mais de 800 mil brasileiros que visitam a França todos os anos, segundo a diretora. “Os brasileiros ainda foram destaque durante as Olimpíadas e nos Jogos Paralímpicos, já que o Brasil representou a segunda nacionalidade, depois dos Estados Unidos, fora dos mercados europeus. O Brasil se destacou muito durante as Olimpíadas. É uma tendência muito importante que começou após a pandemia, pois o Brasil, hoje em dia, representa o 3ª país emissor de turistas na França, depois dos Estados Unidos e Canadá e fora a Europa, é um mercado que cresce cada vez mais”, avalia.

Mas afinal, o que é L’Art de Revivre à la française? Caroline explica : « Sempre falamos L’Arte de Vivre à la française. É um conceito muito conhecido nos Estados Unidos, que falam muito do french art de vivre. No Brasil não estamos muito familiarizados com esse conceito, que é muito francês e enraizado na cultura francesa, que é esse apreço pela beleza, pela história, pelas antiguidades, pelos bons momentos de dividir uma mesa, uma refeição, com louças antigas de porcelana de Limoges ou de Gien. Então, é esse apreço pela beleza, pela sofisticação junto com um equilíbrio de vida”.

As conferências temáticas e a rodada de negócios acontecem, nesta quarta (18) e quinta (19), no AYA Hub, dentro do complexo Cidade Matarazzo.

Manuel Flahault, diretor geral da América do Sul da Air France

Na ocasião, o diretor geral da América do Sul da Air France, Manuel Flahault, falou sobre como a Air France se conecta com L’Art de Revivre à la française. “Mais uma vez, a temática deste ano reflete perfeitamente a abordagem com a qual está comprometida a Air France, a L’Art de Revivre à la française, porque acho que toca o essencial, como criar prazer, experiências incorporando, cada vez mais, a questão de sustentabilidade”, frisa.

O diretor ainda revelou que hoje, para a Air France, o maior desafio atual é como criar momentos inesquecíveis e memoráveis, mas incorporando a questão da sustentabilidade. “Somos um dos setores mais difíceis de descarbonizar, porque, hoje, o motor elétrico ou de hidrogênio não estão disponíveis para a aviação”, diz.

No Brasil, a empresa opera com aeronaves que emitem 25% menos carbono e em novembro haverá novas cabines que serão mais leves e, assim, gastarão menos combustível, reduzindo a emissão de carbono.

Mateus Godoy, brand manager da Moët & Chandon

O brand manager da Moët & Chandon, Mateus Godoy, falou sobre o projeto “Natura Nostra”, que fomenta a sustentabilidade. “Está muito claro o impacto que o vinho tem na harmonização, na gastronomia, nesta arte de viver e na ponta, como vamos garantir isso ao longo dos anos? Por sermos, hoje, a maior casa de champagne, hoje, também somos os mais cobrados. O que estamos fazendo, mudando, colaborando para mudar. Nosso grande ponto é proteger esse patrimônio, essa história, essas pessoas, esse terroir, toda essa cultura que recebemos nestes 280 anos e como vamos chegar no futuro? Como enxergamos os próximos anos?”, questiona.

De acordo com Mateus, o projeto “Natura Nostra” foi criado em 2021 e consiste na regeneração do que já foi destruído, na sustentabilidade, incluindo as pessoas, na preservação das tradições, histórias e dos fatos e da natureza. “O peso das garrafas no transporte é o maior impacto que temos na emissão de carbono e queremos, até 2030, reduzir em 50% a pegada de carbono”, revela.

Thierry Vannier, diretor da Galeries Lafayette

O diretor da Galeries Lafayette, Thierry Vannier,anunciou os 130 anos da Galeries Lafayette e destacou sobre o mercado brasileiro. O mercado brasileiro é muito forte para nós”, enfatiza.

Vannier também enfatizou que a Galeries Lafayette é uma empresa familiar. “ É uma boa oportunidade para nós, porque o L’Art de Revivre porque mostra para a indústria, que a Galeries Lafayette é, ainda, uma empresa familiar, a dona, Ginette Moulin, tem 97 anos, e é neta do fundador. Quando dizemos L’Art de Revivre é porque somos uma empresa familiar com possibilidades de reviver. Em 2020, com a Covid, ficamos fechados por 100 dias, em 2021, também por 100 dias, e a família resolveu manter todas as coisas, pois a família acreditava que o mundo seguiria em frente, de novo”, conta.

Neste sábado (21), à meia-noite, em Paris (França), será possível participar de um passeio noturno guiado pela sede da loja, a Paris Haussmann. Nele, os visitantes aprenderão sobre a história centenária do patrimônio francês e assistirão em primeira mão a dois curtas-metragens – um dirigido pelo cineasta Antoine Viviane e o outro pela artista Mélanie Matrang que foi exibido.

Diana Verde Nieto, especialista em sustentabilidade

Diana Verde Nieto, especialista em sustentabilidade, possui mais de 20 anos de experiência em orientar empresas em direção ao crescimento econômico sustentável e inovação. Em 2011, ela foi co-fundadora da Positive Luxury e liderou a empresa até 2022, continuando a fazer parte do conselho. Diana lançou, recentemente, o livro: “Reimaginando o luxo: como construir um futuro sustentável para sua marca”. Na ocasião, falou sobre sua obra.

“O livro começa de onde eu nasci, em 1972, e acho importante ter orgulho de onde você veio, porque é para onde você vai voltar quando tiver todas as suas experiências.  O livro não é sobre um momento, mas dos últimos 28 anos da minha carreira trabalhando em sustentabilidade. Comecei a trabalhar na área do luxo há 12 anos. Não falo sobre o impacto negativo da indústria do luxo, mas do impacto positivo. Imaginem como seria se o mundo copiasse a inovação e a sustentabilidade da indústria do luxo já fazem?”, revela.

Para Diana, o luxo é a reimaginação, a inovação. “Ele produz coisas para durarem para sempre”, completa.  

Evelyne de Mascarel, especialista em etiqueta francesa da Savoir Vivre

A especialista em etiqueta francesa da Savoir Vivre, Evelyne de Mascarel,abordou a origem da etiqueta francesa. “A etiqueta, a polidez que todos conhecem nasceu no século XVII, com Louis XIV, o Rei Sol, que no Palácio de Versalhes, queria controlar um pouco o que os cortesãos, os aristocratas do reino pudessem fazer. Era um rei autoritário e era preciso respeitar um código, para também ser respeitado, e cada cortesão recebia uma etiqueta, um papel onde era indicado em qual lugar ele poderia se sentar, para fazer as refeições. Nesta época eram cinco ou seis serviços com cerca de 20 pratos”, conta.

Segundo Evelyne, para se ter polidez é preciso olhar, mirar o comportamento para o outro, e ter o reconhecimento. “L’Arte de revivre é se adaptar, respeitar os outros”, define.

 Caroline Putnoki, diretora América do Sul da Atout France fala à Folha do ABC

À Folha, falou sobre a expectativa para o France Excellence.  “A expectativa é muito boa. Durante as três palestras que vamos apresentar, iremos reunir em torno de 600 pessoas e a parte da rodada de negócios, vai juntar mais de 200 profissionais do turismo brasileiro com 31 empresas francesas hoteleiras, de Paris e de outras regiões, agências receptivas e uma delegação da Provença”, revela.  

Caroline mencionou o fascínio dos brasileiros pelo luxo francês. “O Brasil é muito interessante quando se trata de luxo porque sempre teve uma fascinação pelo universo do luxo, uma tendência que está crescendo muito e no turismo representa uma parte muito importante. Muitos hotéis de luxo, por exemplo, os parisienses, têm uma boa parte deles brasileira. Para alguns deles, a clientela brasileira representa mais de 15%. Então, é muito importante, é uma tendência crescente dos brasileiros, o que chamamos de early adopters (são usuários que estão abertos à experimentação de novidades). Então, quando tem uma novidade, um novo hotel em Paris, uma nova marca, um novo produto, a clientela brasileira, muito cedo já quer comprar, experimentar”, afirma.

A diretora conta que o viajante brasileiro é interessante para o turismo francês. “Os brasileiros solicitam muitos serviços, muita atenção, e gostam de viajar de uma maneira muito confortável e não somente de fazer compras, mas de aproveitar da gastronomia francesa, de ficar em um hotel confortável, de fazer compras de qualidade”, destaca.