Quinta Avenida

Francisco Alves – rei da voz

Francisco de Moraes Alves, tonou-se conhecido no mundo musical como Francisco Alves e Chico Viola. Nascido no dia 19 de agosto de 1898 na cidade do Rio de Janeiro. Cantor e compositor, um dos mais versáteis intérpretes da música popular brasileira tradicional do século XX. A alcunha de “Rei da voz”, foi dada pelo radialista César Ladeira no ano de 1933. Também peça decisiva na construção de vários gêneros populares da música de nossa terra.

Ele era uma figura alta e esguia, que andava sempre elegante, bem trajado, penteado, simpático e avesso à bebida. Como seu ídolo na época, Vicente Celestino, tinha uma voz de tenor mas, com o tempo, consolidou-se como barítono. Ao longo da carreira deixou uma produção de mais de quinhentos discos, que podem ser ouvidos no YouTube.
Teve a primazia de gravar o primeiro disco elétrico no Brasil e, graças ele, compositores como Cartola (Angenor de Oli-veira), Heitor dos Prazeres e Ismael Silva vieram a ser consagrados, o mesmo ocorreu com várias canções que interpretou como: “Aí! Que Saudade das Amélia”, autoria de Mário Lago e Ataulfo Alves e a primeira gravação do samba “Aquarela do Brasil” de Ary Barroso.
O início como cantor profissional, deu-se no ano de 1918, apresentando-se no Pavilhão do Méier, contratado após um teste feito pelo pai de Mário Lago, o maestro Antônio Lago. Seguiu cantando no Circo Spinelli, fazendo parte de uma companhia artística que logo se dissolveu com a chegada da cruel pandemia da gripe espanhola. Um ano após, passada a pandemia, o grupo voltou a se organizar em Niterói, passando novamente a integrar a companhia. Foi nesse período que conheceu o já famoso compositor Sinhô (José Barbosa da Silva), que lhe apresentou o filho da pianista Chiquinha Gonzaga, que estava instalando uma fábrica de discos e, já em 1919, teve a oportunidade de gravar para a etiqueta “Disco Popular” a canção “O Pé de Anjo”.
Francisco Alves tornou-se frequentador assíduo das zonas boêmias cariocas da Lapa e Vila Isabel, onde conheceu, num cabaré, Perpétua Guerra Tutoia, com quem teve um breve e mal sucedido casamento, a contragosto da família, que durou menos de um mês. Refeito do tremendo desgaste dessa relação, em 1921 o empresário José Segreto convidou-o a participar de revistas musicais no Teatro São José. No mesmo ano conheceu e se casou com a atriz Célia Zenatti, com quem viveria por vinte e oito anos.
Ao mudar de gravadora, lançou em 1924, pela etiqueta Odeon sambas e marchas carnavalescas que alcançaram relativo sucesso. Chegou o ano de 1930 formando a famosa dupla de cantores, Francisco Alves e Mário Reis, um marco na história da música popular brasileira. A parceria representou um enorme sucesso e durante dois anos gravaram juntos vinte e quatro músicas, em doze discos de setenta e oito rotações. Ainda nesse ano gravou para o carnaval a marcha ”Dá Nela”, na gravadora Parlophon, composição de Ary Barroso.
Na década de 1930, o rádio era o grande meio da comunicação de massa. Em 1932 Francisco Alves integrou o cast exclusivo da Rádio Mayrink Veiga, ao lado de Carmen Miranda, Gastão Formenti, Mozart Bicalho, Patrício Teixeira e Elsa Coelho. Em maio desse ano, já então consagrado como artista e ídolo popular, junto ao iniciando Noel Rosa (na época com apenas 21 anos), Mário Reis e dos músicos Pery Cunha e Romualdo Peixoto, formaram o grupo denominado “Ases do Samba”, realizando uma excursão pelo Rio Grande Sul, indo a bordo do navio Itaquera, numa viagem de sete dias.
Nos anos 1940 Francisco Alves continuou liderando programas de Rádio no Rio e temporadas em São Paulo, sempre com grande audiência. O ano de 1950 começou promissor, emplacando vários sucessos no carnaval. Em 1951 interpretou a marchinha “Retrato do Velho” composto por Haroldo Barbosa e Marino Pinto. que se tornou sucesso nacional e influiu na vitória eleitoral de Getúlio Vargas na eleição desse ano.
No início de setembro de 1952 Francisco Alves foi em temporada na capital paulista divulgar a canção filantrópica “Canção da Criança” com a participação do coral formado por meninas da “Casa de Lázaro” num show pela Rádio Nacional no Largo da Misericórdia. Na volta ao Rio de Janeiro com seu carro um Buick pela rodovia Presidente Dutra, ao lado do amigo Haroldo Alves, entre as cidades de Taubaté e Pindamonhangaba, por volta da 18h30 do dia 27 de setembro de 1952, vindo no sentido contrário um caminhão chocou-se violentamente contra ele. Com a pancada o amigo foi jogado para fora do veículo e sobreviveu. O carro se incendiou e seu corpo foi totalmente carbonizado. Uma tragédia que abalou o país com o desaparecimento de um cantor amado pelo povo. Desaparecia de forma trágica Francisco Alves – Rei da Voz, aos 54 anos de idade.

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