No dia 19 de dezembro de 1960, 4 dias após completar 45 anos de idade, Frank Sinatra grava a primeira faixa em sua própria companhia, a Reprise Records. Com arranjos e condução da orquestra pelo maestro Johnny Mandel, interpreta “Let´s Fall In Love” (Vamos nos apaixonar), uma das canções do álbum de 12 polegadas “Ring-A-Ding-Ding”, a primeira de mais de 400 faixas de alto nível artístico, sempre apoiado por diferenciados arranjos, instrumentistas escolhidos “a dedo” e maestros do primeiro time. Até o último registro, a 16 de abril de 1984, com o clássico “Mack The Knife” (Mack a faca), foram quase 24 anos de sólido e profícuo trabalho; um acervo de muita consistência.
A administração da empresa, foi confiada ao executivo Mo Ostin, ficando Sinatra com a direção artística. Após os primeiros lançamentos, a Reprise Records começou a sentir o peso da poderosa Capitol Records, etiqueta que teve Sinatra sob contrato. Mesmo depois de deixá-la em meados de 1960, por imposições contratuais, teve de gravar quatro álbuns; farto material inédito que passou a ser vendido a preços abaixo do mercado, com descontos de até 15%. Forte concorrência para a iniciante Reprise, lutando para ter um lugar ao sol no mercado discográfico.
Sem o arranjador preferido, Nelson Riddle (ainda preso a contrato na Capitol), trabalhou com o já citado Johnny Mandel e os consagrados Billy May, Sy Oliver e Don Costa. Somente a partir de 1963, passa a contar com a valiosa colaboração de Nelson Riddle. Tempos mais tarde, junta-se ao grupo o maestro Gordon Jenkins. Entretanto, a Reprise não podia viver apenas com o trabalho de Sinatra, contratando Dean Martin, Sammy Davis Jr, Jimmy Witherspoon, Calvin Jackson e o conjunto vocal The Hi-Lo´s. Depois vieram as cantoras Jo Stafford, Keely Smith, Rosemary Clooney, os cantores Bing Crosby, Kenny Rogers e outros mais.
Os primeiros registros fonográficos que Sinatra fez na primeira fase de Reprise (anos 1960), são considerados de excelente nível artístico e interpretativo. Em boa forma vocal, gravou o que, como e com quem queria. Sempre preocupado em interpretar temas jazzístico, em 1962 gravou ao lado do pianista Count Basie e sua orquestra o álbum “Sinatra-Basie”. Repete a dose em 1964 com “It Might As Well Be Spring”, com o balanço inconfundível da black band de Basie.
O ano de 1967, teve um sabor especial. Chegou a hora de fazer um álbum com o lendário pianista Duke Ellington e sua orquestra. A parceria Sinatra-Ellington resultou na produção do long-playing “Francis A. And Edward K.” e ficou conhecida como “um encontro de gigantes. Os arranjos escritos por Billy May e a perfeita harmonia entre a orquestra de Ellington e a voz de Sinatra, deixaram para a posteridade um dos melhores trabalhos discográficos da carreira.
Em 1963, Sinatra vendeu dois terços das ações da gravadora para a Warner Brothers-Wea, sem deixar de dirigir o setor artístico. A partir daí, contratou arranjadores de nomeada como Marty Paich, Quincy Jones, Neal Hefti, Ernie Freeman, Robert Farnon e Claus Ogerman, que deram suas colaborações para a realização de inúmeros discos, não só para ele, mas também para outros cantores do elenco.
A gravadora lançou em 1996 uma caixa com 20 CDs. –“The Complete Reprise Studio Recordings”, com 452 faixas em ordem cronológica e todas as informações a respeito de cada gravação. Um trabalho esmerado e sonho supremo de colecionadores.
Já fora da Reprise, Sinatra faria um long-playing em 1984 para a Qwest Records. Produção e condução da orquestra pelo maestro Quincy Jones, intitulado “L.A. Is My Lady”. Sem contar com os 2 C.Ds. produzidos na Capitol (Duets 1993 e Duets II 1994), este foi o “canto do cisne” da carreira discográfica, coberta de glórias e lucros com mais de 1200 temas gravados. Nenhum outro cantor, gravou tão diversificado repertório. Para nosso orgulho, Tom Jobim foi chamado pelos “velhos olhos azuis” em 1962. Ambos gravaram o LP “Francis Albert Sinatra And Antonio Carlos Jobim”, com musicas de Tom interpretadas por “The Voice.”
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