Editorial

Governadores rumo à presidência da República

A eleição de 2026 já desperta muitos comentários em torno dos nomes que entrarão na disputa para Presidente da República. Atualmente, quatro governadores são apontados como possíveis candidatos na disputa à presidência, contra a provável tentativa de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Todos de direita e que buscam herdar os eleitores de Jair Bolsonaro (PL) que, por enquanto, segue inelegível, até 2030. São eles: Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Ronaldo Caiado (União), de Goiás; e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná.
Porém, desde a redemocratização do país, considerando a primeira eleição direta pós-ditadura, em 1989, apenas um governador elegeu-se presidente da República: Fernando Collor de Mello, em 1989, pelo PRN (Partido da Reconstrução Nacional), após comandar Alagoas.
Até hoje, 11 ex-governadores disputaram 17 vezes a Presidência da República, nas nove eleições que se sucederam nesses últimos 34 anos. O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (1991-1994), é o recordista de participações. Ciro concorreu quatro vezes ao Planalto, duas pelo PPS e duas pelo PDT, porém, não saiu vitorioso em nenhuma delas.
Além de Ciro, três governadores tentaram duas vezes cada. Também foram derrotados nas urnas: Leonel Brizola (PDT-RJ), em 1989 e em 1994; José Serra, em 2002 e 2010; e Geraldo Alckmin, em 2006 e 2018.
Quem mais se aproximou do objetivo de ser presidente da República foi o ex-governador mineiro e ex-senador Aécio Neves (PSDB). Em 2014, Aécio perdeu para Dilma Rousseff (PT), no segundo turno, com uma diferença de pouco mais de 3 milhões de votos. Já Serra chegou duas vezes ao segundo turno, e perdeu para Lula (2002) e para Dilma (2010).
Em relação ao Estado de São Paulo, o único governador paulista a se tornar presidente da República foi Jânio Quadros, no início da década de 1960. De lá para cá, muitos tentaram, mas não conseguiram, tais como Orestes Quércia (1994), Paulo Maluf (1989), que terminou em quinto lugar, com 8,8% dos votos; José Serra (2002 e 2010); Geraldo Alckmin (2006 e 2018).
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é apontado como o mais provável a herdar o capital político da direita, no cenário da disputa sem Bolsonaro, mas, na segunda (18), desconversou em relação ao assunto em evento da Warren Investimentos, ao dizer que: “sabe quanto tempo eu perco pensando nisso? Zero. Estou extremamente focado no projeto de São Paulo, extremamente focado”, afirmou. Ainda destacou que seu “grande objetivo” é participar de um projeto “que seja vencedor, um projeto que transforme esse Brasil”. O governador disse que “o piloto, pouco importa. O projeto que é importante”.
Tarcísio foi eleito governador de São Paulo, em 2022, apadrinhado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, sem ser paulista, com 55,27% dos votos válidos. Nasceu no Rio de Janeiro, morava em Brasília, chegou ao Ministério da Infraestrutura, como um nome técnico, mas rapidamente, aprendeu a fazer política. A administração do governador é aprovada por 62,4% dos moradores da Capital, segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas divulgado, na quinta (7) de agosto. Se comparada à pesquisa anterior, de março, a aprovação oscilou positivamente, dentro da margem de erro. Por outro lado, 32,3% dos entrevistados desaprovam a gestão estadual. Em março, eram 34,4%.
Ainda faltam muitas tratativas e desdobramentos até o pleito eleitoral de 2026, porém, caso se efetive candidato, Tarcísio traz na bagagem a vitória ao Governo de São Paulo, mesmo sendo carioca e, caso seja vitorioso, irá quebrar jejum de 65 anos sem um governador de São Paulo na presidência da República.

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