O Governo do Estado de São Paulo recebeu e está analisando quatro sugestões de locais para a transferência da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), atualmente instalada no bairro da Lapa, na Capital. As propostas fazem parte de estudos mais amplos, apresentados por três consórcios e uma empresa, em resposta ao chamamento público aberto pelo Estado em outubro de 2017 e encerrado no dia 12 de março de 2018, para subsidiar a elaboração do edital de concessão para implantação, operação e manutenção do Novo Centro de Abastecimento Alimentar em São Paulo – o Novo Ceasa – como, passará a ser chamado.
“A compreensĂŁo de que o Ceasa da Lapa está inadequado hoje para aquele lugar Ă© quase unânime. Temos cinquenta mil pessoas que frequentam o local todos os dias, sĂŁo de doze a quinze mil veĂculos, vocĂŞ tem um gargalo de mobilidade muito grande, alĂ©m da degradação da paisagem urbana e outras questões como sanitária”, explica o secretário-adjunto de Agricultura e Abastecimento, Rubens Rizek. “Esse Ceasa Ă© da dĂ©cada de sessenta, ali nĂŁo era uma regiĂŁo totalmente urbanizada, ele foi concebido com as tecnologias de abastecimento, docas, transporte, armazenagem que tinha na Ă©poca, que hoje está superado”.
De acordo com o diretor tĂ©cnico-operacional da Ceagesp, Luiz Ramos, o entreposto recebe produtos de mais de 1,5 mil municĂpios brasileiros. “Abastecemos 60% da Grande SĂŁo Paulo. Atualmente, o mercado comercializa frutas, legumes, verduras e peixes. É um local que nĂŁo recebe, no momento, carne nem laticĂnios, como outros estabelecimentos do tipo no mundo. Isso talvez ocorra no novo local. Com isso, já haverá ampliação de movimento”, ressalta.
O Estado colocou como pré-requisito que todas as localizações sugeridas fossem conectadas ao Rodoanel Mario Covas por acessos já existentes ou previstos, visando facilitar a chegada e a distribuição de produtos. Os estudos apresentam dados sobre como cada localização pode contribuir para melhorar o tráfego na cidade de São Paulo com a transferência gradativa do atual entreposto na Lapa. As sugestões recebidas foram:
- Companhia Paulista de Desenvolvimento (CPD): terreno de 2 milhões de m² na Avenida Raimundo Pereira de MagalhĂŁes, na junção dos trechos Norte e Oeste do Rodoanel. A proposta Ă© operar com área construĂda de 482 mil de m².
- Ideal Partners: imĂłvel em Santana do ParnaĂba com 4 milhões de m² e sugestĂŁo de operar com área construĂda de 1 milhĂŁo de m². O acesso Ă© pelo Rodoanel Oeste e rodovias Castello Branco e Anhanguera.
- FRAL: terreno na Lagoa de CarapicuĂba em Barueri, prĂłximo a Osasco, tambĂ©m com acesso pelo Rodoanel Oeste, com 1,9 milhĂŁo de m² no total e área construĂda sugerida de 864 mil m².
- NESP: área com 4 milhões de m² no Km 26 da Rodovia dos Bandeirantes, com acesso pelo Rodoanel Oeste. A área construĂda nĂŁo foi especificada.
Agora as sugestões serĂŁo avaliadas pelo Governo do Estado de SĂŁo Paulo, junto com os estudos completos, que incluem ainda aspectos como construção, implantação, modelagem operacional, econĂ´mico-financeira e jurĂdica. Estudos de impacto ambiental, eventuais desapropriações e possibilidade de uso do modal ferroviário tambĂ©m devem ser considerados nas propostas.
“O Estado recebeu propostas muito robustas, com cada uma contendo cinco cadernos. Um deles Ă© o estudo tĂ©cnico com a melhor alternativa locacional para o novo entreposto de SĂŁo Paulo. O segundo vai dizer qual a melhor forma de construir esse entreposto com as melhores tĂ©cnicas e tecnologias do mundo. O terceiro Ă© a forma de operar, já que a ideia Ă© que seja construĂdo e operado pela iniciativa privada. O quarto estudo Ă© o da viabilidade econĂ´mico-financeira e o quinto sĂŁo estudos jurĂdicos de modelagem de concessĂŁo e parceria”, descreve Rubens Rizek.
Um investimento para adaptar o atual Ceasa para as necessidades atuais de abastecimento de alimentos perecĂveis para a RegiĂŁo Metropolitana de SĂŁo Paulo Ă© algo na ordem que já justifica que esse investimento já seja feito em outra regiĂŁo.
“A ideia do governador Geraldo Alckmin Ă© resolver no mĂnimo dois problemas de SĂŁo Paulo. Com esse projeto pretendemos levar o atual Ceasa e ao mesmo tempo resolver a questĂŁo da distribuição da zona cerealista do centro de SĂŁo Paulo, que tambĂ©m está inadequada, prejudica o transito, gera graves prejuĂzos e transtornos para a população”, afirma o secretário Rizek. “O edital está bem claro em relação a isso, para dimensionar um novo entreposto que comporte o atual Ceasa e tambĂ©m a zona cerealista, permitindo uma reurbanização dessas duas áreas”, conclui.
Nesta fase do processo os estudos não têm custo para o Governo, mas os autores das ideias efetivamente utilizadas na elaboração do edital de concessão serão ressarcidos pelo futuro concessionário no limite de até R$ 2,5 milhões.
“O Governo Estadual tem 60 dias para definir o melhor modelo e em torno de mais 60 dias para fazer a preparação de todos os documentos, as aprovações competentes e a publicação do edital”, destaca a subsecretária de Parcerias e Inovação, Karla Bertocco.
O Estado não é obrigado a adotar as soluções propostas, inclusive quanto à sugestão de nova localização do entreposto. Não é obrigatório que os locais sugeridos sejam de propriedade dos consórcios. Podem ser terrenos públicos ou particulares; havendo decisão do Estado por um deles, será feito o decreto de utilidade pública para posterior desapropriação. O custo da desapropriação será desembolsado pelo futuro concessionário, já no âmbito do contrato de concessão.