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Guto Volpi: “Nosso Legislativo é o do fazer”

Pensar diferente e fazer além. Essas ações definem o estilo de Luiz Gustavo Volpi (PL), mais conhecido como Guto Volpi, de comandar a Câmara de Ribeirão Pires. O filho do ex-vereador, ex-deputado estadual e federal, e prefeito de Ribeirão, pelo terceiro mandato, Clóvis Volpi (PL), cumpre seu primeiro mandato como presidente da Câmara, mas tem feito uma verdadeira revolução no Legislativo do município. Guto, entusiasta da sustentabilidade, se inspirou na Agenda 2030 da ONU para implantar na sede do legislativo de Ribeirão diversas inovações como a geração de energia limpa, frota com automóveis elétricos, captação de águas pluviais, solo permeável com instalação de jardim de chuva, arborização frutífera, entre outros. Com isso, a Câmara de Ribeirão Pires se tornou a primeira sustentável do Brasil. O presidente avalia que o papel do legislativo pode ser muito maior do que apenas fiscalizar, cobrar e requerer, pois ele também pode implantar políticas públicas. Confira.

Folha do ABC- Desde que assumiu a presidência da Câmara de Ribeirão Pires, em janeiro de 2021, uma verdadeira revolução foi realizada no Legislativo, poderia elencar as principais ações?

Luiz Gustavo Volpi- A Câmara de Ribeirão deu um salto importante na qualidade dos serviços dos parlamentares e do próprio Legislativo. Demos curso preparatório logo de entrada, no começo do ano e, depois, formamos a Escola do Parlamento, para dar às assessorias e aos parlamentares um aporte importante de ampliar o trabalho do vereador, dentro dos seus partidos, dentro do relacionamento político de cada um com os deputados e senadores. Então, isso foi muito legal porque deu resultado. Todos trouxeram emendas parlamentares para a cidade. Todos têm melhorado a discussão dos projetos e todos têm colocado em prática as ideias. Não só ficar naquele feijão com arroz do Legislativo de fiscalizar, cobrar e requerer. Eles estão buscando assuntos atuais que melhoram a convivência social.

O nosso Legislativo é um Legislativo do fazer, agora. Às vezes, as pessoas têm muito medo disso. O Legislativo não faz isso. Mas, ele pode pôr em prática políticas públicas também. Tanto é que estamos fazendo. Há uma grande diferença no Legislativo no jeito de pensar. O dinheiro que nós temos para investimento e aplicação nos serviços do parlamento são para retornar a sociedade em serviços. Então, muitos Legislativos têm a preocupação de apenas querer devolver no final do ano os seus respectivos volumes de orçamento. Conversamos com o prefeito e chegamos à conclusão que o Legislativo de Ribeirão Pires precisa usar o dinheiro para investimentos e atualização dos serviços. Foi o que fizemos e tem dado resultado.

Então, todos os Legislativos podem aumentar o potencial de investimento e sustentabilidade. Preocupamo-nos em realizar investimentos e eles irão gerar a economia necessária. A energia limpa vai dar, o projeto sem papel irá dar. As questões humanas do ambiente, do relacionamento, isso é o maior resultado.

O Legislativo estava muito longe da sociedade e, hoje, a sociedade convive no Legislativo. Isso é muito legal de ver. Voltamos a ter a visitação das crianças na área verde, das pessoas que vêm tirar foto. E, antes, isso era fechado por muro, com grades. Ninguém se aproximava. Então, a cultura que implantamos é um convite à sociedade voltar a viver perto do Legislativo.

Folha- A Agenda 2030 da ONU serviu de inspiração para a implantação do projeto Câmara 2030. Com isso, a Câmara de Ribeirão Pires será o primeiro parlamento municipal sustentável do Brasil. Quais iniciativas estão previstas no projeto?

Guto-  Entre todas as iniciativas, às vezes, as pessoas focam mais naquilo que elas vêem, mas hoje, já estamos no ‘sem papel’, com uma economia de quase 100 mil folhas de sulfite no consumo. Há a questão da acessibilidade das nossas redes sociais, até para os daltônicos. O nosso site está preparado, além de áudio descrição, porque há portador de alguma deficiência auditiva, para surdos. Preocupamos-nos, porque o Legislativo tem as suas limitações e dentro destas limitações atendemos uma boa parte dos objetivos de desenvolvimento sustentável e uma das mais importantes foi de gerar energia. Às vezes as pessoas investem em energia solar limpa apenas pela questão econômica.  Mas, nos preocupamos em produzir energia, em abastecer a frota, trocar a frota para 100% elétrica até 2024. Então, essas são iniciativas que ajudam, um pouco, a cooperar com o nosso planeta, além de trazer para sociedade um modelo novo na prática. As pessoas, às vezes, não investem na prática, por conta do medo. A gente optou por colocar em prática e provar em resultados que tudo é possível de ser feito. Toda a energia produzida está na rede da Enel e é utilizada pela Câmara.

Também temos as abelhas. Quando fomos tratar o tema ambiental das ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) quisemos trazer três colmeias de espécies brasileiras, sem ferrão, então, elas já estão em produção de mel. Já se adaptaram tão bem que estão produzindo uma ampliação da colmeia. Além do plantio de 28 árvores frutíferas, como gabiroba, abiu, cabeludinha, cereja do rio grande, jabuticaba, entre outras.

Folha- O sr. se inspirou em alguma iniciativa internacional específica para implementar esses projetos inovadores na Câmara de Ribeirão Pires?

Guto- Sempre fui muito ligado à área ambiental, sempre fui um entusiasta da sustentabilidade e na oportunidade de estar como presidente e ser vereador, transformamos tudo isso em política pública. Então, a Agenda 2030 é uma agenda que ficou muito perto da casa da gente. Às vezes as pessoas têm essa dificuldade, mas a Agenda 2030 é tão pedagógica e didática, que fazemos na sua casa. Então, é isso que estou tentando mostrar para as pessoas, que dá para fazer em casa.

Folha- O sr. tem a intenção de dar continuidade ao legado do seu pai, prefeito, que está no terceiro mandato?

Guto- Isso está no meu caminho, estar preparado para fazer gestão pública e, de fato, isso precisa de uma preparação. Então, não adianta achar que o município fica isolado do seu contexto regional, estadual ou na questão de país. Então, precisa estar preparado, as questões são muito técnicas, às vezes não são só políticas. E a presidência da Câmara te dá essa preparação, porque você lida com todos os assuntos da cidade, que passam pelo Legislativo. Então, temos contato com absolutamente tudo que acontece na cidade. Então, isso é uma escola.