São Paulo já foi mais esperta no uso das hidrovias. A ignorância retificou o Tamanduateí e impediu que o transporte fluvial se intensificasse e se aprimorasse, livrando-nos do veneno expelido pelos veículos tangidos a combustível fóssil.
Hoje, o Tietê tem mais de mil e cem quilômetros, passando por trinta e nove municípios, poderia ser um escoadouro muito mais saudável do que a volúpia das rodovias. Outra manifestação explícita de ignorância pública foi abandonar as ferrovias e insistir nos veículos emissores de gases venenosos.
Isso é muito importante para o enfrentamento da crise climática. Os estresses vão ser mais frequentes e mais intensos. Isso porque o aumento da temperatura no Brasil será muito superior à média global e isso vai comprometer a geração energética baseada nas hidrelétricas.
Mais da metade do abastecimento do Brasil é feito por hidrelétricas e elas têm sofrido com as variações da temperatura. Basta lembrar a seca de 2014 a 2015, que tornou muito frágil o sistema e evidenciou que há urgência na recuperação dos cursos d’água, todos sepultados para dar lugar ao asfalto.
Causa espécie que todos os municípios, os Estados e a União deixem de levar a sério o replantio de árvores, das quais o Brasil necessita pelo menos um bilhão de exemplares. Continua a devastação, o desmatamento, mas não se cuida de repor aquilo que a natureza, generosamente, nos oferece e que não cuidamos de cuidar, nem de substituir.
A descarbonização precisa levar em conta a necessidade de mais árvores, para garantir mais água, para que esta sirva não apenas para manter a vida, mas também para, em escala, garantir o transporte hidroviário. Há perspectivas de solução para a situação emergencial da crise climática que ameaça a sobrevivência da humanidade, se houver juízo e vontade política. Chega de estradas, chega de veículos emissores de gás carbônico. Mais barcos, mais balsas, mais utilização inteligente de nossos rios, muitos deles pedindo socorro.