Agosto é o mês de Padre Luiz Capra, o padroeiro de Paranapiacaba. Um exemplo de dedicação, força e fé. Em apenas 41 anos de vida ele fez muito pela região.
Nascido na cidade italiana de Parma em 17 de novembro de 1879, chegou ao Brasil em 1905 com a missão de acolher os imigrantes operários que buscavam melhores condições de vida no ABC. Ex-missionário de São Carlos, em 17 de setembro daquele ano realizou o primeiro batizado: a menina Stella Verônica, filha de Attilio Bottacin e Rachel Maziero, na paróquia de São Bernardo.
Foi nomeado o primeiro vigário da Paróquia de Santo André em 1912, permanecendo até 1920, ano do falecimento.
Com espírito empreendedor e fiel aos ideais, durante a passagem por aqui deixou a sua marca em importantes obras como a Igreja Matriz de Santo André, cuja construção teve início em outubro de 1912 e foi concluída em 25 de março de 1914.
Sua atuação pastoral não parou por aí. Em 1917 lançou a pedra fundamental da Igreja Nossa Senhora do Carmo, atual catedral e sede da Diocese de Santo André.
Na tradicional Vila inglesa também contribuiu para o desenvolvimento religioso. O pároco não mediu esforços em gastar toda economia que possuía para desempenhar um importante papel na construção da Capela São José da Boa Viagem, mais conhecida por monumento do Divino Redentor, localizada junto à Rodovia SP-122, próxima à Estação Ferroviária de Campo Grande, entre Rio Grande da Serra e Paranapiacaba.
A obra de alvenaria em forma de arco, telhas de barro estilo francês e com a imagem de Jesus Cristo de braços abertos voltada para a linha férrea, é passagem obrigatória dos fiéis durante a caminhada anual em homenagem ao padroeiro. Segundo o idealizador, o monumento deveria ficar “exposto aos olhares do imigrante que chega, do viajante que passa, dando-lhe alento para seguir seu caminho”.
Anos mais tarde, na década de 1930, a imagem foi depredada. Angelin Arnoni, um trabalhador revoltado com o clima chuvoso que prejudicou o transporte de madeira e lenha até a estação ferroviária, disparou um tiro que arrancou dois dedos.
Infelizmente Padre Luiz Capra não teve uma vida tão longa para executar sua missão. Em 4 de janeiro de 1920 ele faleceu repentinamente enquanto rezava uma missa na Matriz Velha do Bairro Fundação, em São Caetano. O corpo foi sepultado no cemitério da Saudade, na Vila Assunção, em Santo André.
Uma curiosidade é que Padre Capra se deslocava de trem pela região para celebrar as missas e procissões. Um busto esculpido pelo artista Antonio Canever foi inaugurado nos jardins da Catedral de Santo André em 1953.
Durante toda a semana, de 3 a 9 de agosto deste ano, foram realizadas homenagens ao santo padre. A abertura foi com o “Caminho Turístico Passos do Padre Capra”. Cerca de 80 peregrinos participaram da caminhada de 17 km entre Rio Grande da Serra e Paranapiacaba, com a presença do prefeito de Rio Grande da Serra, Akira Auriani, e da vice Vilma Marcelino. O tríduo foi complementado com missas nas capelas da região e um bingo beneficente com diversos prêmios. Barracas de deliciosas guloseimas animaram ainda mais a festa dos fiéis.
O evento foi organizado pelo padre Ernane Pereira Marino, da Paróquia São Sebastião de Rio Grande da Serra, e teve apoio da Prefeitura de Rio Grande da Serra e do governo Gilvan Ferreira, através da Subprefeitura de Paranapiacaba e Parque Andreense.
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