Mônica Inglez Opinião

Internet, dados pessoais e eleições

No cenário eleitoral atual, a internet tornou-se uma poderosa ferramenta de comunicação e mobilização política. Plataformas digitais como redes sociais e sites de notícias desempenham um papel central nas campanhas eleitorais, permitindo que candidatos possam atingir um público vasto de maneira rápida e econômica. Porém, o que inicialmente parecia uma revolução no modo de se fazer política revelou-se também um terreno fértil para desinformação, manipulação de dados e uso indevido de dados pessoais.

Hoje, não é a internet que impacta as eleições – o inverso também é verdade: as eleições estão moldando a internet, especialmente no que se refere à proteção de dados e à regulamentação da inteligência artificial (IA).

Com o crescimento das campanhas digitais, o uso de dados pessoais dos eleitores tornou-se uma prática comum para direcionar mensagens políticas e influenciar o comportamento de voto. A utilização de algoritmos avançados permite que os partidos identifiquem nichos específicos de eleitores, promovendo discursos altamente personalizados.

Se, por um lado, esse tratamento de dados pode significar uma comunicação mais personalizada, melhor direcionada e que seja mais eficaz tanto para o eleitor quanto para o candidato, por outro lado, pode implicar em riscos ao eleitor – titular dos dados, uma vez que, parte significativa das estratégias de marketing de determinadas campanhas podem envolver o tratamento de dados pessoais sensíveis, categoria que necessita de um grau maior de proteção.

Nesse contexto, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e outras regulamentações sobre privacidade ganharam destaque, impondo novos desafios às campanhas. As eleições, que antes eram amplamente impactadas pelo advento da internet, agora estão impactando a própria estrutura e funcionamento das plataformas digitais. Governos ao redor do mundo estão revendo suas políticas de regulamentação para garantir que a coleta e o uso de dados pessoais em campanhas eleitorais respeitem os direitos dos cidadãos (titulares dos dados), minimizando o risco de abusos.

Esse movimento visa garantir que a tecnologia não comprometa a integridade do processo eleitoral, protegendo, assim, a democracia, assegurando, dessa forma, o direito do eleitor ao acesso à informação íntegra.

O desafio futuro será equilibrar o poder das ferramentas digitais com a proteção dos direitos dos eleitores, garantindo que a internet continue sendo um ambiente democrático e seguro para a participação política.

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