Opinião

Internet faz 30 anos: Passamos da utopia a um capitalismo de vigilância

Em 12 de março, a rede mundial de computadores, conhecida popularmente como internet ou web (worldwide web, ou WWW) completou 30 anos e possui mais de 4 bilhões de usuários.
Há 40 anos, essa rede não passava de uma proposta para interligar talvez pouco mais de uma centena de pesquisadores do CERN (Centre Européen pour la Recherche Nucléaire), que hoje se chama Organização Europeia para a Física Nuclear, situada em Genebra, onde trabalhava Tim Berners-Lee, o autor da proposta. Antes da web, a rede pioneira, a ARPANET (Advanced Research Projects Agency Network), nos EUA, era uma rede de uso militar, com poucos usuários. Mas com software e protocolos bem diferentes.
Nossa internet atual é algo revolucionário em termos globais. Só o celular – ou melhor, as comunicações móveis – superam a internet em número de usuários.
A internet que conhecemos praticamente começou a tomar forma no dia 12 de março de 1989, quando o cientista da computação britânico Tim Berners-Lee colocou na mesa de seu chefe de departamento, Mike Sendall, um maço de algumas páginas intitulado “Information Management: a proposal”.
Como lembra o jornalista Frédéric Joignot, no Le Monde do dia 25-02-2019, a internet está completando 30 anos. E mostra que seu inventor, o cientista da computação britânico Tim Berners-Lee, não resolveu esse conflito: entre a utopia que se esperava de criação e a realidade de uma Internet que saiu dos trilhos.
No primeiro documento sobre a internet, Tim Berners-Lee descrevia brevemente os meios que permitiriam a consulta direta do enorme banco de dados do CERN (Centre Européen pour la Recherche Nucléaire), hoje conhecido como Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) armazenado em vários computadores, pesquisando, com a ajuda de links de hipertexto, todas as informações disponíveis.
As bases técnicas de uma circulação flexível dos dados digitalizados foram descartadas: a Web estava inventada. “Pode ser uma onda, mas promissora”, respondeu Mike Sendall.