Dom Pedro Opinião

Jesus

A Bíblia começou a ser escrita há mais de três mil anos, e desde seu início se revelou um livro sem rival no poder de moldar culturas e civilizações.
Essa força permanece inesgotável: ler a Bíblia é essencial para entender o mundo do qual viemos e em que vivemos hoje. E é na Bíblia que surge mencionados os muitos nomes de Deus. O nome Dele aparece pela primeira vez na narrativa da criação: “No princípio, criou Deus os céus e a terra “(Gênesis 1:1). Ao se dirigir a Abraão , o próprio Senhor se identifica como o Todo-Poderoso. Quando Abraão atingiu a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o Criador e lhe disse: – “Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda em minha presença e sê perfeito “(Gênesis 17:1). E o Senhor Deus, enviou o anjo Gabriel, no sexto mês, a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem chamada Maria desposada com um varão chamado José. Entrando onde ela estava, disse-lhe: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo, bendita tu entre as mulheres”.
Ela ficou intrigada com essas palavras. E o anjo acrescentou: “Não temas, Maria! Encontraste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz, um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus. Este será grande, será chamado o Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai: e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim”.
“O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra; por isso, o Santo que nascer será chamado Filho de Deus”.
Disse então Maria: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo ausentou-se dela. (Evangelho de Lucas 1:26).
No anúncio do nascimento feito a José, cumpria-se a profecia feita por Isaías, quando até o nome do Messias já estava determinado por Deus que lhe chamou Emanuel (Isaías 7:14). O nome “Emanuel”, palavra hebraica, significa “Deus conosco”. Era Deus fazendo-se homem. A significância da vida e da atividade de Cristo, fica evidente em Seu nome: Jesus quer dizer “Jeová é salvação”, motivo maior de sua vinda : salvar o homem de seus pecados.
Porém, a história do nascimento do Senhor Jesus, foi semelhante à de tantos filhos de migrantes e exilados de hoje. Os pais, Maria e José, viviam na Palestina, dominada pelo Império Romano. Maria e José partiram de Nazaré para Belém, na Judéia, e foram precisos vários dias de caminhada, ou no lombo de um jumento. Chegaram a Belém, mas as hospedarias estavam cheias, e ninguém lhes abriu as portas.
Maria deu à luz num abrigo para animais, fora da cidade, em data a qual as escrituras nada registram. A escuridão da noite se iluminou, e o céu mandou seus mensageiros para anunciarem que esse menino era filho do Altíssimo Deus, e seu nascimento traria grande alegria para todo o povo!
Vozes celestiais cantavam glórias a Deus, e desejavam paz aos homens de boa vontade. Maria e José contemplavam, em profundo silêncio, a cena que os envolvia.
Jesus veio ao mundo, e experimentou a rejeição e as agruras de milhões de homens, mulheres e crianças migrantes dos nossos dias, enxotados de suas casas e de suas terras por guerras e perseguições. Milhões de Marias, Josés, e Jesus são empurrados pela fome, a miséria e a violência para o deserto, o mar, as estradas contra muros e cercas de fronteiras. Para José e Maria, a paz do Natal durou pouco. Informados que o Rei Herodes queria matar o menino, José tomou Jesus e sua mãe Maria e fugiu para o Egito. Enfrentou uma longa viagem, atravessou o deserto e a fronteira, procurou abrigo e trabalho para sustentar a família.
Dom Odilo Scherer, doutor em Teologia, em artigo sobre o assunto comentou: “Neste Natal, fico pensando quantas famílias e pessoas vivem hoje em condições tão semelhantes à que viveu a mais santa das famílias”.