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José Aldo é o novo entrevistado do videocast “Gigantes para Gigantes”

Na entrevista, o ex-lutador relembra sua trajetória desde a infância marcada por dificuldades
(Foto: Divulgação)

O quarto episódio de Gigantes para Gigantes, videocast do projeto Gigantes de Nazaré apresentado pela jornalista Carol Barcellos, traz um convidado que dispensa apresentações: José Aldo, primeiro campeão peso-pena da história do UFC e um dos maiores nomes do MMA mundial. Na entrevista, o ex-lutador relembra sua trajetória desde a infância marcada por dificuldades, passando pelo auge da carreira, até o momento em que decidiu se afastar definitivamente das competições.

Aldo contou que sua infância em Manaus, antes de se mudar para o Rio de Janeiro, foi marcada por episódios de violência doméstica, que o fizeram tomar decisões determinantes para a vida. “Meu pai bebia, chegava em casa bêbado e batia na minha mãe. Então, a minha infância foi muito marcada em cima disso. Isso me ajudou a nunca botar uma bebida na boca, porque não era aquilo que eu queria para mim. Os finais de semana eram os piores dias da minha vida. Essas são marcas da vida que me fizeram ser quem eu sou”.

O campeão, que permaneceu invicto por uma década no UFC, revelou que o sucesso veio acompanhado de renúncias: “Quando fui campeão, o meu primeiro pensamento era o de me manter campeão. Mas, durante esses dez anos, eu não tinha vida social. Não saía, não fazia quase nada. Domingo era o único dia livre, mas meu corpo já estava quebrado. Eu não tinha férias. Pensava 24 horas em como melhorar e me preparar para a próxima luta. Eu estudava os movimentos do adversário, os meus erros. Eu estava determinado em melhorar cada vez mais”.

Entre os momentos mais marcantes da sua carreira, Aldo destaca dois: quando se tornou o “Campeão do Povo” e a segunda luta contra o norte-americano Chad Mendes. O primeiro episódio aconteceu depois de nocautear Chad, no primeiro round, no UFC 142: “Eu sonhava, depois da luta, em ir para o povo. Ser que nem o Ayrton Senna. Eles pagam para estar lá, então nada mais justo do que fazer aquele show. Mas não pode fazer isso (sair do octógono e comemorar com o público). Recebi uma multa de dois mil dólares. Depois, o Dana White me encontrou e me deu o dinheiro: “Toma aqui, você merece. Pode fazer isso quantas vezes você quiser que eu tiro do meu bolso e pago”. A outra memória é a revanche do norte-americano, realizada no Maracanãzinho, em 2014. “Eu cresci indo ao Maracanã ver o Flamengo e ao Maracanãzinho ver a Superliga de vôlei. Então, por estar ali dentro, foi um marco. A luta também foi muito dura, dois atletas no auge. Eu saí todo arrebentado. Meu olho é um pouco menor que o outro por causa disso”. Aldo venceu por decisão unânime depois de 5 rounds.

No bate-papo, Aldo ainda relembrou a derrota para Conor McGregor, em 2015, e a frustração por não ter tido uma revanche. “O Conor era o único cara que, na minha cabeça, eu não podia perder. Fiquei triste, normal, eu era o campeão por muito tempo. Mas fiquei mais triste pelo fato de não ter uma revanche. Eu queria muito”. Mesmo com a derrota em 13 segundos, o brasileiro afirma que foi a luta mais benéfica para o seu bolso: “Eu perdi a luta, mas foi o cara que me deu mais dinheiro. Queria ter a segunda luta, porque sabia que podia bater nele e ter a terceira”.

Com histórias de superação, disciplina e entrega, o episódio mostra que o legado de José Aldo vai muito além do octógono. O “Campeão do Povo” não se tornou um Gigante pelos 10 anos de invencibilidade ou por ser o primeiro campeão peso-pena da história do UFC. Foram as renúncias, a determinação e as marcas que ninguém vê.

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