Mais uma notícia angustiante: quase vinte por cento dos jovens que nem estudam e nem trabalham, são também analfabetos funcionais. Isso foi apurado pelo INAF – Indicador de Analfabetismo Funcional, em 2024. O estudo é coordenado pela ONG Ação Educativa, desde 2001.
Há dois níveis de analfabetismo funcional: o absoluto, daqueles que sequer são capazes de ler palavras ou decorar número de telefones e o rudimentar, que abrange quem sabe ler e escrever, mas tem dificuldade para entender o que lê ou de fazer contas aritméticas simples. Não sabem somar ou subtrair, por exemplo. Muito menos dividir ou multiplicar.
A coisa vai mal nesse setor. O Brasil estagnou no percentual de quase trinta por cento de analfabetismo funcional e essa população está situada na faixa entre 15 e 64 anos. Embora a parcela maior esteja entre os mais velhos, há um crescimento significativo de jovens: são dezessete por cento entre os que estão entre 15 e 29 anos.
São jovens excluídos dos dois mundos que poderiam abrir as portas para um crescimento social, econômico e intelectual: a escola e o trabalho.
Qual o remédio para isso?
Já está comprovado que a escola não atrai os jovens, porque estacionou em projetos de memorização que não deixam margem para a crítica e exposição do pensamento individual. Seria necessário reciclar a docência, pois grande parte dos professores está desalentada, ressentida e se considera injustiçada. Embora nem todos se esmerem numa qualificação que os leve a enfrentar a contemporaneidade.
Mas um remédio deveria ser pensado: a Universidade tem de investir ao menos dez por cento do currículo em extensão. Por que não fazer com que os universitários “adotem intelectualmente” um jovem analfabeto funcional – ou um idoso na mesma situação – e se encarregue de fazer com que ele abra os olhos, mediante contação de sua história, leituras e redações?
Além de tentar resolver um problema sério – pois a juventude mingua e o que sobra dela é analfabeta… – faria com que os graduados na Universidade tivessem um choque de realidade. Pé no chão não faz mal a ninguém.
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