O Brasil celebrou, na terça (7), o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. Apesar de a data ser importante, não só para a imprensa nacional, mas para os brasileiros, o país não tem muitos motivos para comemorar. O Brasil ocupa uma posição bastante ruim no ranking mundial de liberdade de imprensa, elaborado pela organização ‘Repórteres sem Fronteiras’, que avalia a liberdade dos jornalistas para desempenhar seu papel profissional. Dos 180 países avaliados, o Brasil está na 110ª posição.
O dia 7 de junho lembra um manifesto de 1977, assinado por quase 3 mil jornalistas, que exigia o fim da censura à imprensa e a restrição da liberdade de informação. O documento, que foi publicado no Boletim da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), denunciava a apreensão de edições inteiras de jornais e veículos da comunicação, a omissão de informações por parte do governo e a ameaça do Ato Institucional nº 5 (AI-5), que implantou a fase mais dura da ditadura brasileira.
Durante a ditadura militar, de 1964 a 1985, a liberdade de informar foi reprimida de forma mais nítida, mas isso também ocorreu no Estado Novo de Getúlio Vargas, que durou de 1937 a 1945.
Hoje, a liberdade de imprensa, que é um dos pilares da democracia, sofre ameaças no Brasil e no mundo, principalmente onde governantes populistas, sejam de direita ou de esquerda, procuram carcomer o estado democrático de direito e, de maneira nem sempre direta, buscam sufocar financeiramente empresas jornalísticas, além de tentarem intimidar jornalistas não só com processos judiciais, mas, principalmente com ofensas, grosseiras e tratamento esdrúxulo.
O jornalismo precisa ser livre. Livre para informar, investigar e mostrar o que acontece seja na política, no mundo empresarial, expondo órgãos e organizações públicas, de maneira factual, independente e apartidária, pautada na credibilidade, para informar com a verdade e, assim, contribuir para que a população forme a sua opinião.
O presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, afirmou: “No Brasil e em sociedades altamente polarizadas, o grande desafio é mostrar que a liberdade de imprensa é, antes de tudo, a liberdade de a sociedade tomar conhecimento do que fazem e como agem governos, poderes, organizações, pessoas públicas, partidos e assim por diante. O papel da imprensa não é agradar a todos, mas muitas vezes denunciar, investigar e, sobretudo, conferir a veracidade do que se divulga nas redes sociais”. De fato, o papel dos jornalistas não é agradar, mas informar com a verdade.
Contudo, informar com a verdade, muitas vezes custa um alto preço. Em 2021, 45 jornalistas e profissionais da imprensa foram assassinados em todo o mundo, segundo a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ). E de 2016 a 2018, foram registrados 400 assassinatos de jornalistas ao redor do mundo só por realizarem seu trabalho.
A liberdade de imprensa ainda não é garantida em várias partes do mundo e, no Brasil, o cenário é preocupante diante do aumento de casos de ataques a profissionais e a veículos de comunicação. É preciso uma ação urgente de governos, sociedade civil e setor privado para reforçar o jornalismo de credibilidade e, assim, garantir o direito à informação.