José Renato Nalini Opinião

Lições do Azerbaijão

   Participei da COP29, em Baku, a capital do Azerbaijão. Nunca havia estado nesse país cuja situação geográfica é peculiar:  localiza-se na Eurásia: exatamente o encontro do extremo leste da Europa com o oeste da Ásia.

   Toda a sua população é menor do que a da cidade de São Paulo. Ultrapassa pouco os dez milhões. Mas é uma nação muito rica. Tem petróleo e gás que exporta para o mundo. O resultado é uma cidade rica e de contrastes. Preservou a parte antiga, cercada de muralhas e que serve de roteiro turístico de primeira qualidade. Tudo muito bem conservado, com árvores em profusão, plantas ornamentais e flores e o uso bem inteligente da iluminação. Aliás, iluminação abundante em toda a cidade.

   O conjunto de prédios chamado Flame Towers é formado por três grandes edifícios laminados cuja arquitetura simboliza as chamas e a energia. À noite, a iluminação oferece um espetáculo de luzes que imita fogo, a recordar a força azerbaijana proveniente do petróleo.

   Interessante observar que Baku fica a vinte e oito metros abaixo do nível do mar e poucos quilômetros dali, ergue-se a Cordilheira do Cáucaso, cujo ponto mais elevado é o monte Bazardyuzyu, que se eleva a 4.466 metros acima do nível do mar, na fronteira com a Rússia.

   Porque extrair lições de Baku? Porque sua população é toda alfabetizada e domina vários idiomas. Porque a polidez é a característica predominante e a arte de bem receber foi estimulada para que a recepção aos visitantes do grande encontro anual da ONU, com vistas ao enfrentamento das questões climáticas, foi um espetáculo impressionante. Porque a organização de um evento de tal dimensão exigiu esforço e eficiência comprovada, o que nos leva a nutrir expectativa crescente quanto à próxima COP, a de número 30, que será realizada em Belém do Pará.

   Aprendamos com o Azerbaijão e nos conscientizemos de que uma COP exige mais do que boa vontade e a ingênua invocação ao tradicional “jeitinho” brasileiro, que é povo cordial e acolhedor. Empenhemo-nos para que o Brasil faça bonito em Belém e nada fique devendo ao belo e proficiente Azerbaijão.

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