
A gastronomia lisboeta confirma o que a memória coletiva bem sabe: o bacalhau não é apenas um alimento, mas um dos pilares da identidade nacional. Seja nas reuniões familiares, nas festas, nos rituais, em bacalhoarias ou em mercearias tradicionais, o fiel amigo continua sendo altamente apreciado pela sua versatilidade, textura agradável e sabor intenso, além de servir como fonte de nutrição.
Mesmo contando com muitos outros peixes em sua costa, os portugueses são os maiores consumidores de bacalhau salgado, respondendo por 20% do consumo global, o que representa uma média anual de 35 kg por pessoa.
De acordo com registros históricos, o processo de salga e secagem que transformou e espécie gadus morhua (que dá origem ao bacalhau mais nobre e valorizado, cuja carne branca e macia se desfaz em lascas após o cozimento) numa conserva duradoura, acompanhou o período das Grandes Navegações e tornou-se indispensável até a chegada da refrigeração, há cerca de 500 anos.
Em Lisboa, essa história ganha espaços de memória. O Centro Interpretativo da História do Bacalhau, no Terreiro do Paço, é uma homenagem direta à saga dos pescadores, às rotas transatlânticas e às técnicas de cura. Suas instalações multimídia descrevem a importância econômica e social da iguaria para o país, ancorando-se na oferta cultural da Baixa.
O consumo contemporâneo do bacalhau confirma a dimensão desse fenômeno gastronômico, reforçando a ligação entre produto, cozinha e cultura. No destino, tal relação revela restaurantes que reinterpretam receitas e mercearias que mantêm os métodos ancestrais.
A Rua do Arsenal, por exemplo, permanece como o endereço simbólico desse comércio tradicional, especialmente nessa época de preparativos para a ceia de Natal. Embora em menor quantidade, estabelecimentos históricos, como a “Pérola do Arsenal” e o “Rei do Bacalhau” ainda resistem. Ao visitar esses locais, é possível conferir os cortes clássicos, bem como as dicas para o preparo. As lojas funcionam como arquivos vivos de sabores e técnicas que atravessam gerações.
Dos seus grossos lombos, passando pelos sames (bexiga natatória) até sua cabeça, todas as partes do bacalhau são usadas e apreciadas. Não importa o corte, nem qual a escolha dentre as 365 maneiras de prepará-lo, o bacalhau sempre seguirá como o ingrediente rei da gastronomia lisboeta.
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