Conversas de Memória

Marcos antigos na paisagem da cidade

Participantes do encontro de Conversas de Memória

A história de uma cidade é feita dia-a-dia pela ação de todos aqueles que vivem em seu espaço, isto é, moradores, trabalhadores e usuários de seus serviços, que constroem casas, edifícios, ruas, praças, jardins, escolas, hospitais, fábricas, comércios… ou, mesmo, dão sentidos e usos aos recursos naturais pré-existentes. E nesses espaços, construídos e reconstruídos, estabelecem relações, criam laços, potencializam a vida.
Portanto, ao falarmos da história de São Bernardo, estamos nos reportando a essa teia complexa de relações que tem como protagonistas todos aqueles que vivem ou viveram nesta cidade.
Ao longo do tempo, na sucessão de gerações, a cidade vai mudando seu perfil social, demográfico, político, econômico e, consequentemente, há alterações na paisagem construída.
Contudo, apesar das mudanças, busca-se preservar aqueles pontos de referência, marcos na paisagem que distinguem a cidade e compõem suas identidades. Poderíamos dizer que são patrimônios da cidade, independentemente de reconhecidos oficialmente, “tombados”, como patrimônio cultural.
Com essa temática, “os marcos antigos na paisagem da cidade que resistem até hoje”, o Centro de Memória de São Bernardo, da Secretaria de Cultura, da Prefeitura de São Bernardo, promoveu, na quarta (30) de abril, mais um encontro de Conversas de Memória.
Logo de início, o Centro de Memória foi presenteado com uma maquete do antigo prédio do Hospital São Bernardo, confeccionada por Tio Dudu. A simples visão da maquete já despertou memórias naqueles que nasceram naquele hospital, o frequentaram em algum momento ou, mesmo, passavam nas imediações e o tinham como referência na paisagem cotidiana.
Foram citados vários imóveis tombados pelo Conselho de Patrimônio Histórico Municipal, como os Marcos do Caminho do Mar (ainda exis-tentes na Rua Marechal Deodoro); a Caixa d’água de Nova Petrópolis, cujo térreo foi local de muitas festas; a Árvore dos Carvoeiros, na Via Anchieta, local histórico de parada dos produtores de carvão do Riacho Grande, que ali paravam durante o transporte para São Paulo; o Painel da Água Mineral São Bernardo; as Capelas de Santa Filomena e Nossa Senhora da Boa Viagem, a Fonte Luminosa da Praça Lauro Gomes, local de passeio das famílias, mas também de atos de rebeldia de adolescentes que ali se banhavam; a antiga residência de Tereza Delta que abrigou o Colégio João Ramalho, trazendo lembranças dos tempos escolares; entre outros…
Também foram lembrados marcos que são referência, apesar de não reconhecidos oficialmente, como a Padaria Nova Royal; a Rota do Frango com Polenta (já praticamente inexistente); a Igreja Matriz; os Restaurantes Leão de Ouro e Porteira dos Pampas (também só na memória); a Água Mineral da Termomecânica, já não mais disponível para uso; a Via Anchieta; a Represa Billings… enfim, vários pontos que identificam a cidade, que lhe dão singularidade, que, ao vê-los, os moradores, em seu íntimo, dizem: “estou em casa!”.

Jorge Magyar

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