A montadora alemã Mercedes-Benz anunciou, na terça (6), que vai demitir 3,6 mil funcionários da fábrica de São Bernardo. O número equivale a 35% dos 10,4 mil funcionários da unidade e 60% das áreas diretamente afetadas. A Mercedes informa que irá reestruturar a planta de São Bernardo, que fabrica caminhões e chassis de ônibus, o que inclui a terceirização de atividades como logística, fabricação e montagem de eixos, manutenção, ferramentaria e laboratórios. A montadora irá demitir 2,2 mil trabalhadores da unidade de São Bernardo, inaugurada em 1956, sendo a primeira fábrica da Mercedes no País e maior planta da Daimler fora da Alemanha, e 1,4 mil profissionais não terão seus contratos temporários renovados a partir de dezembro de 2022. Em comunicado, a empresa afirmou que o mercado automotivo tem se tornado mais dinâmico e que a competitividade do setor vai continuar se intensificando com a transformação da indústria automobilística, em razão da eletrificação. A montadora afirma que é necessário focar em sua principal atividade, a fabricação de caminhões e chassis de ônibus, além do desenvolvimento de novas tecnologias, e que está garantindo a sustentabilidade dos negócios da Mercedes-Benz Caminhões e Ônibus a longo prazo no Brasil.
Diante do anuncio feito pela montadora, os trabalhadores da fábrica, na quinta (8), em assembleia junto ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, aprovaram a paralisação da produção até a próxima segunda (12). “Queremos lutar pelos nossos empregos e pelo futuro dos companheiros de contrato temporário, a luta tem que ser de todos e não só das áreas envolvidas”, afirmou o presidente do Sindicato e funcionário da Mercedes, Moisés Selerges. Na terça (13), haverá reunião com representantes do Sindicato e diretores da montadora. A Mercedes já tinha colocado cerca de 600 trabalhadores em férias coletivas por falta de componentes.
São Bernardo
Berço da indústria automobilística no Brasil, São Bernardo já perdeu fábricas da Ford, que encerrou as atividades, e da Toyota, que está transferindo as operações da planta de São Bernardo, a primeira da marca fora do Japão, para o interior de São Paulo, onde tem outras fábricas.