José Renato Nalini Opinião

Mergulho no vício

Nossa geração é viciada em usar as redes sociais. A que nos sucede nem considera essa dependência um vício, pois nasceu na era digital e usar a internet é algo genético.
O impacto do uso incessante das tecnologias da comunicação e informação já tem sido sentido e causa polêmica. Se hoje é possível realizar operações que antigamente demandavam presença física e se a conversa com pessoas em outros continentes se tornou trivial, a hiperconectividade não deixa de gerar certas patologias. Ansiedade, sobressalto, angústia e outros sintomas indicativos de que algo não vai bem.
Ocorre que o advento da pandemia só tornou mais intenso o uso das bugigangas eletrônicas. O que fazer na reclusão forçada? É mensagem, é WhatsApp, é face, é instagram, é tudo o mais que se tornou parte de nossos hábitos.
Antes disso, o cientista Cal Newport escreveu o livro “Deep Work”, publicado pela editora Grand Central Publishing, no qual propõe um trabalho concentrado num mundo distraído. Oferece quatro regras para um uso saudável das redes sociais. A primeira é adotar uma das filosofias em voga, como a filosofia do Monge, que propõe isolamento ao máximo do contato com a tecnologia. Ou a filosofia bimodal, que divide o tempo em períodos monásticos e períodos livres ou a filosofia Seinfeld, gerada pelo comediante Jerry Seinfeld. Ele tenta separar período para cada atividade rotineira e observância estrita desse protocolo.
A segunda é aceitar o tédio: a meditação produtiva e abolir o uso não profissional da internet durante o trabalho. A terceira regra é a mais difícil: abandonar as redes sociais. Por que usar uma rede social? Comece com 30 dias de abstinência. Você é capaz?
Finalmente, a quarta regra é impedir a superficialidade. Criar filtros para que só cheguem mensagens de interesse. É a fórmula “só mande mensagens em casos de…”. E o que reduz o tempo gasto na caixa de entrada de e-mails e WhatsApp.
No mais, planejar cada minuto do dia em blocos de tempo e determinar um horário para terminar suas funções junto ao computador ou smart. Mas em tempos de coronavírus, quem consegue fazê-lo? Estamos mergulhados até o pescoço, se não estivermos já afogados na internet.