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Metanol na bebida: SP registra nove casos e três mortes; governo faz força-tarefa em comércios suspeitos

Duas vítimas morreram em São Bernardo e outra na Capital por intoxicação de metanol após consumo de bebida alcoólica suspeita (Foto: Gov.SP)

As secretarias estaduais da Saúde (SES) e da Segurança Pública (SSP), em parceria com o Centro de Vigilância Sanitária (CVS) e a Vigilância em Saúde do Município de São Paulo (Covisa), realizaram, na segunda (29), ações de fiscalização e investigação em três bares e adegas nas regiões dos Jardins e Mooca, na capital paulista.

Os locais estão listados entre os suspeitos de comercializar bebidas que causaram a intoxicação por metanol, por suspeita de bebida adulterada.

Nos três estabelecimentos fiscalizados, foram apreendidas 117 garrafas de bebidas sem rótulos e sem comprovação de procedência, que serão encaminhadas à perícia no Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Técnico-Científica, e dois estabelecimentos foram autuados por irregularidades sanitárias.

As ações, que já são realizadas de forma rotineira pelas equipes das Vigilâncias Sanitárias dos Municípios e do Estado, foram intensificadas também em cidades da Grande São Paulo. Somente neste mês de setembro, foram realizadas mais de 43 mil ações de fiscalização nos 645 municípios paulistas, no segmento de comércios de bebidas, alimentos, bares, restaurantes e adegas.

Há 36% de fraude no volume de bebidas distribuídas

Edson Pinto: diretor-executivo da FHORESP (Foto: Divulgação)

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) reforçou em suas plataformas oficiais o alerta sobre a urgência de as autoridades combaterem a falsificação de bebidas no Brasil.

O consumo de produtos adulterados, como indicam investigações recentes, causaram, nos últimos dias, um sem-número de internações por intoxicação e, ao menos, três mortes – a terceira foi confirmada, na segunda (29), em São Bernardo. Em abril deste ano, a entidade já havia chamado a atenção para o problema. Pesquisa da Federação apontava, na época, que, 36% de bebidas comercializadas no Brasil eram forjadas, adulteradas ou contrabandeadas. A prática criminosa, que antes deixava somente rastro de sonegação fiscal, agora atenta contra a saúde da população.

 Para a Fhoresp, que representa legitimamente 500 mil empresas paulistas, entre hotéis, bares, restaurantes, lanchonetes e padarias, e mais de 20 sindicatos patronais, é preciso que as autoridades coloquem em prática ação articulada que desmantele o esquema (lucrativo) das falsificações.

 O diretor-executivo da entidade, Edson Pinto, reforça que os consumidores e os empresários são as principais vítimas dos golpistas: “A Federação está acompanhando com muita atenção os casos de intoxicação, possivelmente por metanol, divulgados pela mídia, nos últimos dias. Importante salientar, entretanto, que, a grande maioria dos negócios do ramo de bares e de restaurantes age de forma correta e também se torna vítima ao receber produtos adulterados de fornecedores. De outro lado, há quem compactue com ilegalidades. Há seis meses, já havíamos alertado o mercado sobre a prática, por meio de um levantamento que nos apresentou porcentagens assustadoras de fraude. Se as autoridades não agirem firmemente, este esquema, que agora está colocando também vidas em risco, não chega ao fim nunca”, lamenta.

 Edson se refere ao estudo do Núcleo de Pesquisa e Estatística da Fhoresp, divulgado em abril de 2025, que apurou que, 36% das bebidas comercializadas no Brasil eram fraudadas, falsificadas ou contrabandeadas.

 De acordo com o relatório, os produtos mais afetados com a prática criminosa são vinhos e destilados. A pesquisa trouxe ainda outro alerta importante: uma a cada cinco garrafas de vodca vendidas no País é falsificada.

 Na opinião do diretor-executivo da Federação, os números demonstram que “há um grande esquema de adulteração em larga escala em território nacional”. E, se antes a preocupação era apenas com as fraudes tributárias, “agora, o risco à saúde é o mais alarmante.”

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