O PSDB não obteve um desempenho favorável nestas eleições. O partido ensaiou o lançamento de uma candidatura própria a presidente da República, com o ex-governador João Doria, mas não foi efetivada. Optou por apoiar a senadora Simone Tebet (MDB) que não foi para o segundo turno.
Nestas eleições de 2022, nenhum dos candidatos a governador do PSDB venceu em primeiro turno e nenhum senador foi eleito. O atual governador Rodrigo Garcia (PSDB) não conseguiu chegar ao segundo turno, obtendo apenas 18,40% dos votos válidos. O PSDB, após 28 anos à frente do Governo de São Paulo, perdeu o comando do estado mais desenvolvido economicamente do Brasil.
Além disso, apenas quatro tucanos irão disputar o segundo turno e nenhum passou em primeiro lugar. Entre eles, está Eduardo Leite, que teve 26,81% contra 37,50% do bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL), na disputa pelo Governo do Rio Grande do Sul. Com isso, o PSDB corre o risco de ficar sem governar nenhum dos 27 estados do Brasil, algo que nunca aconteceu antes, desde a fundação da sigla, em 1988.
Também, nestas eleições, tucanos históricos não foram eleitos, como José Serra, que disputou uma vaga na Câmara Federal e obteve 88.926 votos.
O partido ainda perdeu cadeiras na Câmara Federal, de 29, em 2018, para 13, em 2022 e elegeu apenas três novos deputados, ante a seis em 2018. Na Assembleia Legislativa (Alesp), encolheu a bancada. Em 2014, eram 22 deputados estaduais, em 2018, 8 e, em 2022, 9, ficando com a terceira maior bancada.
No ABC, o único deputado, entre os 12 eleitos da região, é a deputada Carla Morando (PSDB), que foi reeleita com 177.769 votos. Trata-se da maior votação de um deputado na história da cidade. Carla também foi a estadual mais votada em três cidades do ABC: São Bernardo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), em entrevista exclusiva à Folha, não avaliou com pessimismo o desempenho da sigla, mas destacou a importância de uma mudança.
“O partido precisa de uma readequação completa, inclusive com mudança do nome, da sigla. O posicionamento ideológico da população brasileira foi direcionado, ou para a direita ou para a esquerda e o eleitor histórico do PSDB fez uma migração automática para a direita. O PSDB não se atualizou e ficou nas pautas históricas, que estão entrando em desuso e ficou praticamente brigando com o eleitor”, analisou o prefeito.
Sobre o desempenho do governador Rodrigo Garcia, que não passou para o segundo turno, Morando avalia que o motivo não é porque ele não fez um bom governo. “O Rodrigo foi esmagado, pois o eleitor se dividiu entre direita e esquerda. Ele teve bom desempenho no governo e nos projetos, mas a população não quis alguém do Centro, a sociedade escolheu a direita ou a esquerda. O partido precisa de uma identidade nova. Não dá para ser Centro. Precisa ser de direita ou esquerda”, ponderou.
O prefeito ainda revelou que não deixará a sigla e que irá contribuir para fazer as mudanças necessárias no partido.