José Renato Nalini Opinião

Mulher, interiorana, engenheira

   A Presidente do CREA para o triênio 2024-2026 é Ligia Marta Mackey, paulista de Rio Claro e a primeira engenheira a presidir o poderoso Conselho Regional de Engenharia e Agronomia em São Paulo.
   Substitui o jovem engenheiro Vinicius Marchese, eleito Presidente do Confea, a confederação dos CREAS estaduais. Essa entidade congrega no Estado de São Paulo trezentos e sessenta mil profissionais e noventa e cinco mil empresas. Em termos de Brasil, o número de engenheiros é análogo ao de advogados: cerca de um milhão.
   Lembro-me sempre de uma observação de um industrial que, ao comentar o número excessivo de Faculdades de Direito no país, dizia que faltavam escolas de engenharia. Em sua opinião, “engenheiros fazem o Brasil ganhar dinheiro; advogados podem fazer o Brasil perder dinheiro”.
   Espera-se bastante da Presidente Ligia, a primeira mulher a presidir o CREA em seus noventa anos de existência, responsável pela fiscalização das atividades profissionais nas várias modalidades da engenharia, da agronomia, das geociências e das atividades dos tecnólogos nessas áreas.
   A proposta da presidente Ligia é investir também na educação e, conforme declarou o Presidente do Confea, Vinicius Marchese, oferecer à sociedade respostas para a solução de problemas aparentemente insolúveis, mas que podem resultar do empenho desses profissionais das exatas, dos quais o desenvolvimento do Brasil tanto depende.
   No momento em que as mudanças climáticas acenam com um cenário mais do que preocupante, é confortador verificar que o CREA pensa em criar alternativas que alavanquem a transição energética e façam com que o Brasil recupere o atraso e se engrene, no ritmo desejado, rumo à economia verde, que é economia circular e que precisa de logística reversa.
   Auspicioso, ainda, constatar que uma carreira em que o domínio era exercido pelos homens, já conta com uma mulher lúcida, preparada, mas sensível às questões que, durante muitos anos, foram aparentemente negligenciadas, o que nos fez chegar a um estágio angustiante. Bons ventos sopram no CREA e que repercutam em outros setores.