José Renato Nalini Opinião

Não nos iludamos 

O pior ainda não passou. O pior está por vir. Tudo indica o agravamento das emergências climáticas. A ciência não cansa de advertir, embora seja mais contestada do que obedecida. O observatório Copernicus divulga que março foi o mês mais quente já registrado na Europa. No planeta como um todo, este foi o segundo março mais quente da série histórica, a evidenciar que a Terra segue em ritmo de aquecimento.

Para completar, os microplásticos em rios atingem níveis alarmantes, segundo catorze estudos publicados na revista Environmental Science and Pollution Research. As amostras foram colhidas em rios europeus como o Elba, Ebro, Garonne, Loire, hone, Reno, Sena, Tâmisa e Tibre. As partículas têm menos de cinco milímetros de tamanho. São fibras têxteis sintéticas provenientes da lavagem de roupa e microplásticos liberados pelos pneus dos carros ou no momento de desenroscar as tampas de plástico das garrafas. O adjetivo “alarmante” provém do fato de terem sido encontrados mais de três microplásticos por metro cúbico de água.

Alguém ainda pode negar que as ondas de calor e os microplásticos também estão entre os nossos desafios?

Tudo ocorre por comportamentos nossos que não se corrigem e continuam a emitir os gases venenosos, causadores do efeito-estufa. Enquanto o Acordo de Paris, que completa dez anos, é descumprido, o Brasil de tantas potencialidades vai na contramão e insiste em explorar petróleo na Foz do Amazonas. É o que anuncia a ANP- Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, quanto à inclusão da bacia da Foz do Amazonas nos próximos leilões de áreas para exploração e produção de petróleo no Brasil.

Em novembro o Brasil sediará a COP30 da ONU, com a descumprida promessa de deixar de ser “Pária Ambiental” e voltar ao melhor lado, o da resiliência, da redução na emissão de gás carbônico e outros elementos pestíferos. Como reagirão as Nações que levam os compromissos internacionais a sério, com essa insistência tupiniquim de prospectar, explorar e vender veneno ao mundo?

Adicione um comentário

Clique aqui para adicionar um comentário