Os fenômenos climáticos extremos não podem ser chamados “desastres naturais”. São consequência direta dos maus tratos perpetrados pela humanidade contra a natureza. A ciência perdeu a voz de tanto alertar os seres chamados “racionais”, de que a exploração dos recursos postos à disposição da convivência deve ser cautelosa, prudente e baseada num fato inevitável: as necessidades são crescentes, os insumos são finitos.
O resultado é traduzido em chuvas inclementes, ondas de calor, rajadas violentas que derrubam árvores, causam deslizamentos e desmoronamentos, ceifando vidas que poderiam ser preservadas, não fora a incúria de grande parte dos responsáveis.
A maioria dos municípios não dispõe de equipes e recursos materiais para proteger a população. Pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais – CEMADEN, nada obstante o equívoco na denominação, enviaram questionários online para a defesa civil dos 5570 municípios do Brasil. Chegaram respostas de 1993, dos quais 72% não tinham orçamento para implementar políticas de prevenção a desastres e 67% não possuíam veículos para trabalho de campo. Em 59% dos casos, as equipes eram formadas por apenas uma ou duas pessoas, 56% não possuíam equipamentos de proteção individual. 53% não contavam com celular com acesso à internet e 30% não tinham computador.
Enquanto isso, como são os gastos municipais com festividades que poderiam ser deixadas de lado enquanto não se cuida da proteção da vida dos cidadãos? Tem sido noticiado que em cidades de baixíssimo IDH, a verba destinada a festejos juninos supera aquela reservada para a saúde, educação e saneamento básico.
Uma cidadania consciente se vê chamada a influenciar os gastos de sua cidade, para que o essencial venha a ser assistido com prioridade. Não há clima de festa quando seres humanos correm risco de vida por omissão, incúria, negligência ou ignorância de quem tem responsabilidade de cuidar de seu povo.
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