Greve na USP (Universidade de São Paulo) desde maio deste ano de 2016, perdurando até hoje, lembra os tempos do regime militar, na medida em que pequeno grupo de agitadores esquerdistas vem exercendo forte pressão, intimidação e violência para manter aceso o movimento. Para tanto, praticam as mesmas formas de coação e violência de que foram vítimas alunos e professores naqueles tempos de repressão da ditadura (1964-1985).
A imprensa vem registrando que agora, em razão da atuação de piquetes intimidativos e ameaçadores que constituem “minúscula minoria” (como diz um analista do fato), professores e alunos se organizam no sentido de proferir e freqüentar aulas ministradas por meio da internet. Registra-se até que atividades acadêmicas, como encontros de pós-graduação, são organizados em locais alternativos, e como que clandestinos para evitar reações furiosas de grevistas. É, exatamente, o mesmo que acontecia nos tempos da repressão militar, só que agora os mesmos grupos de opositores então perseguidos pelos milicos, são os que passam a exercer a reação repressiva contra colegas e professores.
Mudam os tempos, mudam as pessoas e os costumes, já diziam os romanos.
Segundo o diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH) desde o dia 12 de maio, quando eclodiu o movimento, o clima é de medo e violência. E, até onde se sabe, pequena fatia de estudantes e funcionários, firmados numa mentalidade extremista e antidemocrática, reivindicam o impossível, mas sabendo que é impossível. Por isso, e também por isso, não se justifica, em tempos de evidentes dificuldades, tanta ameaça, opressão e violência. A greve pela greve.
Nosso saudoso prefeito de São Bernardo Aldino Pinotti dizia, diante de fatos inusitados, às vezes previsíveis, que “nas voltas que o mundo dá gavião vira sabiá”.
Por triste e lamentável ironia, os sabiás de ontem, grupos de alunos e professores então perseguidos pelos milicos, são os gaviões de hoje intimidando colegas e professores com a mesma fúria de tempos passados, de triste memória.
Afinal, o modus operandi é o de sempre: em assembleias propositadamente prolongadas por horas e horas, percentagem mínima de estudantes desocupados, especialistas em arruaças, acolitados por certos intelectuais, artistas e outros segmentos dos agitadores de sempre, decidem agir de acordo com o que já fora objeto de votação e decisão nos comitês de militantes de extrema esquerda. De resto, nenhuma novidade na surrada tática de sempre.