
João Setti, filho do imigrante italiano Adelelmo Setti, que chegou ao Brasil em 1878, no Vapor Le Sully, conta que, ”em 1910, aos 12 anos, gostava de ir à escola com seus irmãos, mas esperava ansioso o final das aulas porque tinha muito trabalho pela frente.” Ele ia ajudar o pai a dirigir o tílburi – uma espécie de grande charrete coberta com lona, puxada por cavalo – a única condução de aluguel a fazer o trajeto entre a Villa de São Bernardo (hoje o centro da cidade) e a Estação de São Bernardo – estação de trem – localizada em Santo André.
O João levantava muito cedo para cuidar dos cavalos antes de ir para a escola e sobrava pouco tempo para brincar com os amigos ou ir até o armazém de secos e molhados da família Sabatini, na Rua Marechal Deodoro. Em 1982, aos 84 anos de idade, lembrava-se com saudades da época em que São Bernardo era iluminada pelos lampiões a gás, acesos ao cair da tarde pelo sr. Felipe.
E da admiração causada pela instalação da energia elétrica na Villa, em junho de 1909, pela Light & Power Co.. Ele também observava os grupos de operários descendo a Marechal Deodoro vestindo camisetas e calças de brim sarjados, dirigindo-se às fábricas de móveis, enchendo a rua com o som de seus tamancos.
Em 1925, João Setti decide criar a primeira linha regular de coletivos do município ligando São Bernardo a Santo André, investindo na primeira Jardineira, um ônibus aberto de ambos os lados da marca Fiat , que ainda pertence e está no acervo da família Setti. Assim foi criado o embrião da Auto Viação ABC, o primeiro grupo empresarial do transporte neste setor no hoje Grande ABC.
Elexina Neri de Medeiros D’Angelo – integrante da Ame (Associação dos Amigos da Memória de São Bernardo)

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