Quinta Avenida

Noel Rosa – o poeta da vila

Noel de Medeiros Rosa, nasceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 11 de dezembro de 1910. Sambista, cantor, compositor, bandolinista e violonis-ta, considerado um dos maiores e mais importantes artistas da música popular brasileira do século XX. Teve fundamental presença na legitimação do samba de morro e do asfalto entre a classe média e o rádio. Este, o principal meio de comunicação da época, fato de importância para o samba e também para a história da música popular brasileira.

Noel Rosa

Noel Rosa foi agraciado “in memorian” com a “Ordem do Mérito Cultural do Brasil” em 2016, na classe de grão-mestre. Filho de Manoel de Medeiros Rossa e Da. Marta Correia de Azevedo, ele nasceu de um parto muito difícil, incluindo o uso de um fórceps. Além disso, veio ao mundo com uma hipoplasia (desenvolvimento limitado da mandíbula) que marcou suas feições para toda vida.
Adolescente, aprendeu a tocar bandolim de ouvido e tomou gosto pela música, passando posteriormente para o violão e logo tornando-se figura conhecida na boemia carioca. Em 1931 foi aprovado no exame vestibular da Faculdade de Medicina do Rio, porém em pouco tempo o projeto de forma-se médico mostrou-se pouco atraente diante da vida de artista, abandonando os estudos e integrando-se a vários grupos musicais como o “Bando de Tangarás” (1929), ao lado do compositor João de Barro (o Braguinha), Almirante, Alvinho e Henrique Brito.
Em 1929, Noel começou a compor suas primeiras músicas, “Minha Viola e “Festa no Céu”, ambas gravadas por ele. O sucesso chegou em 1930, com o lançamento do tema “Com Que Roupa?”, um samba bem-humorado que sobreviveu a décadas e hoje tornado um clássico da música brasileira. Revelando-se talentoso cronista do cotidiano, surgiram canções que primam pelo humor e pela veia crítica. Orestes Barbosa, exímio poeta da canção, seu parceiro no tema “Positivismo”, o considerava o “rei das letras”.
Em certa ocasião Noel foi protagonista de uma curiosa polêmica travada através de sambas com seu rival Wilson Batista. Ambos atacaram-se mutualmente em sambas agressivos e bem-humorados, rendendo bons frutos à música brasileira. Disso resultaram “Feitiço da Vila” e “Palpite Infeliz”, entre outros.
Entre os intérpretes que passaram a cantar seus sambas destacaram-se Mário Reis, Francisco Alves e Aracy de almeida. Daí em diante, Noel ganhou destaque e preferência entre os ouvintes de rádio e participantes dos carnavais de rua do Rio de Janeiro. Suas composições conquistava a todos pela autenticidade ao falar de amor, encontros e desencontros e também do cotidiano.
Na vida pessoal, teve várias namoradas e foi amante de muitas mulheres casadas. Em 1934 casou-se com Lindaura Martins. Apesar de ter afeto e carinho pela esposa, era apaixonado de fato por Ceci, apelido de Juraci Carreia de Araujo, uma dançarina de cabaré, sua amante de longa data. Compondo para ela o samba “Dama do Cabaré”.
Em depressão devido a separação de Ceci, passou os anos seguintes travando uma batalha contra a tuberculose. A vida boêmia nunca deixou de ser atrativo irresistível para o artista, que entre viagens para cidades mais altas em função do clima mais puro, sempre voltava ao samba, à bebida e ao cigarro, nas noites cariocas, cercado de muitas mulheres.
O fato de não ter parado de beber e fumar, não fazer repouso absoluto e continuar se expondo ao frio das madrugadas, pioraram sobremaneira sua saúde já combalida. Entretanto, sentindo-se melhor, parou com as medicações, e jurou estar curado, para pouco depois adoecer gravemente, vindo a falecer repentinamente em sua casa no bairro de Vila Isabel no dia 4 de maio de 1937, com apenas 26 anos. Desaparecia prematuramente um gênio da música brasileira.
É para se pensar, se Noel Rosa pudesse viver até os 70 ou 80 anos de idade o que poderia ter composto além das 259 canções da discografia original do poeta da Vila. Nosso consolo, é poder ouvir suas imortais composições, que estão disponíveis no YouTube.

Noel Rosa três apitos

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