Opinião

Nomes impróprios, nada próprios

O nome próprio extravagante é motivo, muitas vezes, de riso, mas sua motivação é sociológica e psicologicamente séria.
Na hora de escolher o nome ao filho, entram em jogo o espírito religioso, a definição política, a fascinação por supostos heróis, o desejo de transferir ao recém-nascido glórias de um modelo de prestígio, seja ele um jogador de futebol, artista de cinema, de novela, e outros de identidade de destaque.
Mário Souto Maior, folclorista, etnógrafo, fez um trabalho pioneiro sobre  assunto.
Há os que gostam de criar nomes e o fazem juntando letras ou sílabas do nome da mulher: – Gustavo casa com Maria e o filho pode ser Gusmar, por exemplo.
A folclorista Alice Merheb, afirma:- Há em Juiz de Fora, uma família cujos filhos se chamam País Soares, Pátria Soares, Céu Azul Soares e Oceano Soares.
É bem interessante observar como às vezes os nomes de determinadas pessoas dão certo com a profissão que exercem: – Ari Fachada (empresário); João Fava (agricultor; Nelson Taboada (negócios); Inezil Pena (professor); Taumaturgo Safa (advogado).
Nomes com grafologias distintas já não são exceções: – Estefani, Iestéfani, Stephanie, Stefanie. Cristine, Christine, Cristinnie, e por aí vai.
Vemos que as letras h, y, l, n, k, fazem a festa na hora de escolher e ” enfeitar ” o nome, o que significa, quanto mais complicado, mais estrambólico, mais bonito.
Lembrando que o nome, o carregamos para sempre, e assim, o decifraremos para quem o escrever, eternamente.
Mas já observei também, que pessoas que tem esses nomes mirabolantes, se sentem orgulhosas em tê-los. Ainda bem.
Registros em Cartórios do Brasil, e listas públicas, acusam nomes absolutamente estranhos: – Amado Amoroso, Amável Pinto, Inocêncio Coitadinho, Maria-Você-Me-Mata, Lança Perfume Rodometálico de Andrade, Bispo de Paris, Jacinto Leite Aquino Rego, Metia Paula da Silva, Putassa Frescura, Vanes-sa  Cachorroski.
A escritora Neide Azevedo Lima cita em sua crônica, duas meninas que nasceram no Dia de Finados: – Difuntina e Finadina.
Outra família homenageia a letra “B”:- Biraneide, Biratan e Birajara.
Assunto bastante pitoresco, tem também seu lado dramático. Estão faltando nomes e sobrenomes para atender a enorme demanda chinesa.
 Assim é que, os cinco sobrenomes mais comuns:- Li, Wang, Zhang, Liu e Chen são usados por mais de 350 milhões de pessoas.
Só os que tem o sobrenome “Li ” chega a quase 100 milhões de pessoas.
Infelizmente, ainda existem no Brasil, pessoas que ao escolherem o nome de seus descendentes preferem nomes absurdos de difícil pronúncia e escrita, que traumatiza e discrimina para toda a vida.