
A primeira loja em que entrei em São Bernardo, quando me mudei para a cidade há 50 anos, foi o Bazar Olga, na Rua Marechal Deodoro, quase esquina com a Praça da Matriz. Fui comprar linhas e agulhas e me encantei com a tamanha variedade de aviamentos por lá. Acabei comprando fitas, botões, uma série de riscos para bordar e mais coisas que nem me recordo. Quando fui pagar, lá estava no caixa a dona Olga, uma senhora com um sorriso franco, perguntando se tudo o que eu queria tinha encontrado, pois aceitava encomendas. Trazia tudo da Rua 25 de março, onde abastecia seu negócio, fazendo compras em São Paulo. E logo foi emendando, dizendo que quem ia para lá era a irmã, sócia no negócio, a d. Lídia. As duas irmãs eram encantadoras. Meus filhos nasceram, foram para a pré-escola e vieram as festas escolares. As mais concorridas eram as festas juninas, quando o Bazar Olga ficava todo enfeitado com os balões e as roupas prontas para os pequenos. De tudo encontrávamos lá, chapéus, camisas xadrez, retalhos para aplicar nas calças compridas e camisas, vestidos e até o lenço do pescoço não faltava. Outro item muito procurado eram as bijuterias, que ficavam expostas numa vitrine só para elas. Eu soube depois que a própria dona Lídia é quem as confeccionava. Com o passar do tempo, a loja foi se sofisticando e ganhando cada vez mais clientela. As atendentes, cada vez em maior número, sempre pacientes, procurando nas cartelas o botão certo para cada tecido, até encontrá-lo. Todos saíam satisfeitos da loja, comprando na hora ou fazendo sua encomenda. Perto do Natal todos se dirigiam para lá, para ver as novidades que chegavam. Era um local em que as amigas se encontravam e batiam longos papos com a dona Olga. Numa das vezes encontrei a costureira a quem eu tinha encomendado um vestido, com o meu tecido na mão, procurando o tal botão certo para ele. Foi só risada esse encontro! Essas as minhas recordações inesquecíveis de duas irmãs da família Lazzuri: Olga e Lídia, que dedicaram 61 anos de suas vidas para nos atender. E deixaram muitas saudades.
Elexina Neri de Medeiros D’Angelo – integrante da AME (Associação dos Amigos da Memória de São Bernardo do Campo)
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