Nestes dias que passamos, o papa Francisco, mais uma vez deu ao mundo uma lição de fraternidade e solidariedade. Como autêntico seguidor de Jesus Cristo, ele nos ensinou a traduzir o mandamento central do amor fraterno ensinado por Jesus, em gestos concretos de solidariedade. Refiro-me à visita que realizou ao Iraque, país que foi invadido e praticamente destruído por conflitos armados de todo tipo.
O papa Francisco colocou uma grande questão nesta viagem: “Quais são os grandes ideais, mas também os caminhos concretos, para aqueles que querem construir um mundo mais justo e fraterno nas suas relações quotidianas, na vida social, na política e nas instituições?”.
Tendo como pano de fundo a pandemia da Covid-19 que se alastra pelo mundo, após ser aconselhado a adiar a visita, o Papa, com a coragem que só a compaixão pode dar, colocou em prática o que ensinou na sua encíclica social mais recente, a Fratelli Tutti. Nela ele mostra que ninguém se salva sozinho e que chegou, realmente, o momento de sonhar com uma única humanidade, na qual somos “todos irmãos”. Não há outro caminho para a paz, a não ser este: a fraternidade universal, como ensinou Jesus e como viveu Francisco de Assis.
O cenário mundial é sombrio. Entre os muitos males, a falta de interesse pelo bem comum, a lógica do mercado baseada no lucro e a cultura do descarte, tráfico de órgãos e de pessoas, desemprego, racismo, pobreza, imigrantes rejeitados etc. Estes são os monumentos erguidos pelo egoísmo humano, a corrupção e a indiferença.
Durante os poucos dias desta visita, a mais importante de seu pontificado, o papa afirmou várias vezes que somos todos chamados a estar próximos uns dos outros, superando preconceitos e interesses pessoais. O amor constrói pontes e nós somos feitos para o amor numa dimensão universal. Trouxe mais uma vez à tona a “cultura do encontro” e de “uma Igreja em saída”. Exorta cada um de nós a sair de si mesmo para encontrar nos outros um “acréscimo” de ser, abrindo-nos ao próximo segundo o dinamismo da caridade, que nos faz tender para a comunhão universal: calem-se as armas, cessem as guerras, fale o amor!
O papa fez insistentes convites para se buscar o diálogo e a fraternidade entre todos os povos e culturas. Apelou ao milagre da amabilidade, uma atitude a ser recuperada, porque é “uma estrela na escuridão” e uma libertação da crueldade, da ansiedade que não deixa pensar nos outros.
O papa Francisco faz um apelo para que todos se empenhem na promoção da paz. Refletir sobre o valor e a promoção da paz. A paz é “proativa” e visa formar uma sociedade baseada no serviço aos outros e na busca da reconciliação e do desenvolvimento mútuo. Ligado à paz está o perdão: devemos amar todos sem exceção, mas amar um opressor significa ajudá-lo a mudar e não permitir que ele continue a oprimir o seu próximo. Perdão não significa impunidade, mas justiça, porque perdoar não significa esquecer, mas renunciar à força destrutiva do mal e da vingança.
Por fim, o papa Francisco recordou que as Religiões estão a serviço da fraternidade no mundo. O terrorismo não é causado pela religião, mas pelas interpretações erradas de textos religiosos que produzem ideologias perigosas, bem como a políticas de fome, pobreza, injustiça e opressão. Um caminho de paz entre a religiões é, portanto, possível; por isso, é necessário garantir a liberdade religiosa, direito humano fundamental para todos.
Com a paz, multiplicam-se as pequenas coisas da vida que dão alegria, com a guerra, desaparecem até mesmo as grandes coisas, tudo se perde e nada se ganha. O papa Francisco indica o caminho para a paz: a construção de uma sociedade fraterna na qual todos são irmãos.