Numa leitura crítica do Brasil Frei Betto nos brinda agora com um novo livro que tem o título acima, desta minha crônica semanal. A partir das eleições de 2018 ele pergunta como foi possível a eleição de forças tão conservadoras ou o que significa a direita ter “saído do armário” e quais os recursos econômicos manipulados por essas forças e o que teria levado as pessoas a se refugiarem no fundamentalismo religioso com a radicalização do ultraliberalismo. E nos aconselha a guardar o pessimismo para dias melhores acreditando no protagonismo do povo brasileiro.
Como se um rei visse que o “intuito do diabo” era semear a confusão: o que ele dizia pela manhã era logo desmentido à tarde por seus ministros. Foi assim que surgiu Bolsonaro que teria sido vítima de uma facada em 6 de setembro , durante a campanha em Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais. Uma “facada” misteriosa, nunca verdadeiramente explicada. E, da eleição, surgiu o presidente que hoje desorganiza o Brasil.
O livro faz uma análise do atual governo no qual tem predominância o voto evangélico; é tão fiel a essa força, ao ponto de odiar adversários, especialmente os da esquerda, Lula e o PT. No lamento de uma triste descrença dispara: “O espectro do desemprego pobretariza multidões que aceitam menores salários e menos direitos, e neutraliza os que se uberizam ou mendigam uma ocupação”.
Sobre a Amazônia diz que “o Sínodo convocado pelo papa Francisco, que se reuniu em Roma de 6 a 27 de outubro de 2019, serviu para alertar o mundo quanto à urgência de se por fim às queimadas e ao desmatamento da floresta amazônica, bem como fortalecer a defesa dos direitos de seus habitantes, principalmente os povos indígenas”. É mais um aviso ao bom senso ao qual os criminosos desmatadores são surdos e indiferentes.
Trata-se, portanto, de um livro cuja leitura nos transmite a visão clara e contínua de alguém atento, apreensivo e muito preocupado com os destinos do nosso Brasil.