Às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontece, de 10 a 21 de novembro, em Belém (PA), a ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou um relatório que anuncia que o planeta caminha para um “colapso climático”, com aumento da temperatura média mundial de 2,8°C se as atuais políticas governamentais forem mantidas como estão. As projeções foram apresentadas, na terça (4), no Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2025, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
De acordo com o documento, os novos planos climáticos para a próxima década que os países apresentaram “fazem muito pouco” para reverter essa questão. O caminho para um “futuro habitável” se torna mais íngreme a cada dia, segundo o secretário geral da ONU, António Guterres, que avaliou ser “inevitável” que o aquecimento global ultrapasse o patamar de 1,5°C.
O planeta está no rumo do aquecimento de 2,5°C caso os países implementem políticas dos planos climáticos mais recentes que não dependem de apoio financeiro ou técnico internacional, ou de 2,3°C se implementarem as políticas condicionados a um apoio financeiro. Se nada for feito ou forem mantidas as atuais políticas, o aquecimento global será de 2,8°C.
As conclusões do relatório se baseiam na lacuna de emissões, ou seja, na diferença entre os níveis de gases de efeito estufa acrescentados à atmosfera em comparação com os níveis que os cientistas avaliam ser satisfatórios para conter o aquecimento.
Outro dado alarmante: a ONU revelou que em 2024 as emissões aumentaram em ritmo mais acelerado (2,3%) do que no ano anterior (1,6%), pelo crescimento vertiginoso do desmatamento e das emissões relacionadas ao uso da terra, como por exemplo, devido aos incêndios, e pela intensificação da queima de combustíveis fósseis. O percentual do ano passado é quatro vezes maior do que a taxa de crescimento dos anos 2010.
Entre os seis maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo: China, Estados Unidos, Índia, União Europeia, Rússia e Indonésia, o único em que as emissões caíram no ano passado foi a União Europeia.
Apesar das sucessivas atualizações desde o Acordo de Paris, firmado em 2015, de um modo geral, os países não estão no caminho de cumprir seus planos climáticos para 2030 e muito menos para 2035. Segundo a diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Inger Anderson, os países tiveram três tentativas para cumprir as promessas feitas do Acordo e fracassaram em todas elas.
Cumprir as metas do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais requer cortes rápidos e sem precedentes nas emissões de gases de efeito estufa, acima dos planos atuais. As emissões em 2030 teriam que cair 25% em relação aos níveis de 2019 para chegar a 2°C e 40% para 1,5°C – com apenas cinco anos restantes para atingir essa meta.
O mundo segue na rota de uma séria escalada de riscos e danos climáticos. Os atuais planos climáticos estão longe de serem rápidos o suficiente para reverter a direção do colapso que estamos caminhando. É preciso severas reduções de emissões em um prazo cada vez mais curto, com um cenário geopolítico cada vez mais desafiador.
A COP 30 auxiliará na definição de medidas necessárias para limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5°C até o final deste século, acelerando a implementação do que foi negociado nas COPs anteriores, principalmente a de 2015, em Paris. Porém, sem a verdadeira intenção dos atuais governantes, ficaremos só no discurso ambiental, sem o efetivo comprometimento em realmente se fazer algo efetivo.














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