Com o avanço das plataformas digitais e a popularização das apostas esportivas, o Brasil se depara com um novo desafio: como educar as próximas gerações para lidar de forma responsável com o jogo online e seus riscos? De acordo com a pesquisa “Jogos de Aposta Online”, realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, 30% dos entrevistados acreditam que as escolas e as redes sociais devem ter papel ativo na conscientização sobre o vício em apostas.
O estudo mostra que a preocupação é crescente, especialmente porque 9% dos entrevistados afirmam ter filhos ou filhas entre 12 e 18 anos envolvidos em apostas online. Entre os principais impactos relatados estão mentiras ou omissões à família (22%), ansiedade, depressão ou irritabilidade (18%), perdas financeiras (15%) e comportamentos agressivos (14%).
Os números revelam que a prática, muitas vezes iniciada por curiosidade ou influência de amigos e influenciadores digitais, tem gerado consequências emocionais e sociais ainda pouco debatidas em ambientes educacionais.

(Foto: Divulgação)
Educação como prevenção
A pesquisa indica que 44% dos brasileiros defendem campanhas de conscientização sobre o vício em apostas e 35% pedem a proibição de marketing voltado a jovens e adolescentes. Para especialistas, a educação digital e financeira é um dos caminhos mais eficazes para prevenir comportamentos de risco.
Incluir o tema nas escolas, segundo a percepção popular, permitiria discutir não apenas as consequências financeiras das apostas, mas também o funcionamento psicológico do vício, a influência da publicidade e o papel das redes sociais na formação de hábitos.
Com o jogo online cada vez mais acessível, e muitas vezes vinculado a ídolos esportivos e criadores de conteúdo, a alfabetização digital se torna uma ferramenta essencial para fortalecer o pensamento crítico entre crianças e adolescentes.
Ao mesmo tempo em que são um canal de disseminação das apostas, as redes sociais também podem ser parte da solução. Plataformas como Instagram, TikTok e YouTube concentram boa parte da audiência jovem que é exposta diariamente a conteúdos sobre “ganhos fáceis” e “apostas lucrativas”.
A pesquisa mostra que 41% dos brasileiros são favoráveis à proibição de propagandas com influenciadores e celebridades, justamente pela percepção de que esse tipo de conteúdo estimula o comportamento impulsivo e reforça a ideia de enriquecimento imediato.
Campanhas educativas voltadas às redes sociais, com linguagem simples, visual e interativa, são vistas como um caminho para equilibrar essa narrativa e promover o uso responsável das plataformas digitais.
Conscientização é responsabilidade compartilhada
A crescente presença das apostas no cotidiano digital reforça a importância de uma abordagem coletiva. Escolas, famílias, criadores de conteúdo e empresas de tecnologia podem atuar juntos para estimular o consumo consciente e o controle emocional frente à lógica de recompensas instantâneas.
Ao defender o ensino sobre riscos do jogo nas escolas e nas redes, os brasileiros deixam claro que esperam mais do que apenas regras de mercado: querem prevenção, diálogo e educação para preparar as novas gerações para um ambiente digital cada vez mais envolvente e potencialmente perigoso.
















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