Editorial

O peso dos partidos na disputa presidencial

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou por unanimidade, na terça (8), a criação do União Brasil, fusão entre o partido Democratas (DEM) e o Partido Social Liberal (PSL).
A formação da nova legenda significa o surgimento da maior bancada do Congresso, com 81 deputados e 7 senadores. Ainda serão contabilizados 3 governos estaduais (Goiás, Mato Grosso e Rondônia), 552 prefeituras e 129 deputados estaduais e distritais.
As legendas receberam juntas, no ano passado, R$ 147,5 milhões do fundo partidário, mais do que qualquer sigla. Para as eleições deste ano, o União Brasil também levará a maior fatia do fundo eleitoral, quase R$ 1 bilhão. O dinheiro será distribuído em junho e prevê um total de R$ 4,9 bilhões aos 33 partidos ativos no país.
O União Brasil, que surgiu de uma tratativa fechada no final de setembro último, é cortejado para apoiar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), ainda que parte das lideranças tenham ensaiado uma aproximação com o ex-ministro Sergio Moro (Podemos). Por isso, é esperado que boa parte dos parlamentares filiados deixe a sigla em março.
O gasto com o Fundo Eleitoral registrou um aumento de 192% a mais que nas eleições passadas. A distribuição dos recursos é proporcional ao tamanho das bancadas eleitas da Câmara. Segundo estimativas, com base nos critérios usados pelo TSE, o PT, que tem uma das maiores bancadas, com 56 parlamentares, deverá contar com mais de R$ 594 milhões; o MDB, com mais de R$ 417 milhões; o PP, com R$ 399,2 milhões; o PSD, com R$ 397,7; o PSDB, com R$ 378,9; o PL, com R$ 340,9; o PSB, com R$ 323,6 milhões; o PDT com R$ 299,4 milhões.
Mesmo com as “generosas” quantias, já há disputa por recursos e briga pelo rateio interno do dinheiro. Nas legendas que terão candidatos ao Palácio do Planalto, há pressão das bancadas parlamentares, interessadas, em primeiro lugar, na própria reeleição. Os protagonistas da disputa eleitoral deste ano, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), devem ter menos obstáculos para suas campanhas, porém, os demais candidatos da terceira via, que ainda não conseguiram se mostrar tão competitivos para romper a polarização entre Bolsonaro e Lula, como por exemplo o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), devem enfrentar mais conflitos na disputa pelas verbas, posto que há divergências internas pela efetivação destes nomes em seus partidos.
A disputa por dinheiro do fundo eleitoral pode levar a uma debandada de parlamentares das bancadas federais das legendas que insistirem em candidaturas presidenciais sem chance de decolar. Esses partidos correrão o risco de permanecerem com parlamentares que apoiarão presidenciáveis de outras siglas, ainda que não oficialmente.
Alguns dos partidos que poderão passar por um processo de desidratação são o União Brasil e o PSDB. No caso do União, a saída em massa ocorrerá por parte dos parlamentares que hoje são filiados ao PSL e permanecem como apoiadores de Bolsonaro, que poderão migrar para o PL. Já o PSDB, uma revoada de tucanos pode ocorrer caso a pré-campanha de João Doria ao Palácio do Planalto não emplaque para derrotar Lula ou Bolsonaro. Porém, vale lembrar que muitos parlamentares, mesmo enfrentando essas contradições, não pensam em abandonar as siglas por uma simples razão: não querem perder a bolada do fundo eleitoral.