Colocar Paranapiacaba na trilha de candidaturas a Patrimônio Mundial da Humanidade é algo pra lá de complexo. Há vários critérios a serem obedecidos e cumpridos com rigor. Mas quando se há perseverança e união a busca pelo desígnio se fortalece. E aquele território de Santo André no alto da Serra do Mar, que nasceu com a construção da primeira ferrovia no Brasil pelos ingleses a partir de 1860, pode se tornar o primeiro Patrimônio da Humanidade do Estado de São Paulo.
A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), responsável pela seleção, é uma agência das Nações Unidas voltada ao desenvolvimento sustentável e promoção da paz e segurança mundial através da cooperação intelectual e cultural entre os países.
São 10 diretrizes baseadas em instrumentos normativos internacionais para sítios urbanos, naturais ou arqueológicos, assentamentos indígenas e de populações tradicionais. Ao menos uma deverá atender para a inclusão:
(I) – representar uma obra-prima do gênio criativo humano; ou
(II) – mostrar um intercâmbio importante de valores humanos, durante um determinado tempo ou em uma área cultural do mundo, no desenvolvimento da arquitetura ou tecnologia, das artes monumentais, do planejamento urbano ou do desenho de paisagem; ou
(III) – mostrar um testemunho único, ou ao menos excepcional, de uma tradição cultural ou de uma civilização que está viva ou que te-nha desaparecido; ou
(IV) – ser um exemplo de um tipo de edifício ou conjunto arquitetônico, tecnológico ou de paisagem, que ilustre significativos estágios da história humana; ou
(V) – ser um exemplo destacado de um estabelecimento humano tradicional ou do uso da terra, que seja representativo de uma cultura (ou várias), especialmente quando se torna(am) vulnerável(veis) sob o impacto de uma mudança irreversível; ou
(VI) – estar diretamente ou tangivelmente associado a eventos ou tradições vivas, com ideias ou crenças, com trabalhos artísticos e literários de destacada importância universal;[nota 2]
(VII) – conter fenômenos naturais excepcionais ou áreas de beleza natural e estética de excepcional importância; ou
(VIII) – ser um exemplo excepcional representativo de diferentes estágios da história da Terra, incluindo o registro da vida e dos processos geológicos no desenvolvimento das formas terrestres ou de elementos geomórficos ou fisiográficos importantes; ou
(IX) – ser um exemplo excepcional que represente processos ecológicos e biológicos significativos da evolução e do desenvolvimento de ecossistemas terrestres, costeiros, marítimos ou aquáticos e comunidades de plantas ou animais; ou
(X) – conter os mais importantes e significativos habitats naturais para a conservação in situ da diversidade biológica, incluindo aqueles que contenham espécies ameaçadas que possuem um valor universal excepcional do ponto de vista da ciência ou da conservação.
O escritório da Unesco no Brasil, América Latina e Caribe constituiu-se em 19 de junho de 1964 no Rio de Janeiro. Em 1972 mudou-se para Brasília.
O Brasil possui 24 Patrimônios da Humanidade espalhados em 17 Estados, classificados pela Unesco como culturais, naturais ou mistos.
A conferir: Ouro Preto (MG), Olinda (PE), Ruínas de São Miguel das Missões (RS), Salvador (BA), Santuário do Bom Jesus de Matosinhos (MG), Brasília, Parque Nacional da Serra da Capivara (PI), São Luís (MA), Diamantina (MG), Goiás, Praça São Francisco de São Cristóvão (SE), paisagens entre a montanha e o mar do Rio de Janeiro (que inclui o Parque Nacional da Tijuca, o Jardim Botânico, o cume do Corcovado, o Cristo Redentor e as baías de Guanabara e Copacabana), o Cais do Valongo (RJ), Conjunto da Pampulha (MG), Sítio Roberto Burle Marx (RJ), Parque Nacional do Iguaçu (PR), Reservas da Mata Atlântica na costa do descobrimento entre Bahia e Espírito Santo, Reservas da Mata Atlântica entre Paraná e São Paulo, Amazônia Central (AM), Pantanal (MT/MS), Ilhas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas (PE/RN), Parques Nacionais Chapada dos Veadeiros e das Emas (GO), Paraty e Ilha Grande (RJ) e Lençóis Maranhenses (MA). Este último foi reconhecido em julho de 2024.
No mundo são 1121 sítios de 167 países aprovados, poucos com histórico ferroviário como Paranapiacaba, o que pode ser um diferencial na seletiva. A maior parte dos Patrimônios da Humanidade está concentrada na Europa e América Latina (47,19%). A seguir estão Ásia e Oceania (23,91%), América Latina e Caribe (12,58%), África (8,56%) e Estados Árabes (7,67%).
A lista indicativa, ou inventário, segue o manual da Unesco denominado “Preparação de Candidaturas para o Patrimônio Mundial”. Os bens devem refletir a riqueza, a diversidade natural ou cultural, com o objetivo de contribuir para o processo civilizatório da humanidade. No Brasil o Iphan é o responsável pela produção do documento dos bens culturais, enquanto o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade responde pelos sítios naturais.
Com apoio do prefeito Gilvan Junior, do Iphan, da PUC-Campinas, de autoridades do Estado e do Município, da população e da imprensa seremos mais fortes para alcançar o objetivo.
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