Vem aí mais um Festival de Inverno de Paranapiacaba. Atingimos 24 edições no primeiro ano do governo Gilvan Ferreira com números cada vez mais em ascensão. Mas nem sempre foi assim!
Reportamos a 2001, na gestão do então saudoso prefeito Celso Da-niel. Foi nesse ano que surgiu pela primeira vez, ainda de forma bem modesta. Julho foi escolhido por ser um mês de frio intenso, sobretudo naquela região onde a neblina é protagonista.
O jornal nº 1 Pau da Missa, do jornalista responsável Vicente Lamarca, conta um pouco como foi a inédita atração da Prefeitura de Santo André.
Tudo começou no dia 14 de julho, um sábado de muito sol. Os turistas iam chegando pela passarela alaranjada, que une a Parte Alta e a Parte Baixa.
Sem parâmetro para medir o sucesso, a Prefeitura quase inviabilizou o projeto cultural devido o alto custo. No entanto, mesmo com recursos limitados, conseguiu reunir a elite da arte regional. Nomes de artistas como Naná Vasconcelos e o violonista André Gereissati foram confirmados como principais apresentações musicais.
Os espetáculos eram centralizados na Parte Baixa, que estava em processo de aquisição junto à empresa britânica São Paulo Railway Company. Tanto que seis meses depois foi adquirida pela administração municipal.
A Banda Sinfônica de São Bernardo, comandada pelo maestro Valter Buzzati, fazia a recepção no palco do Clube União Lyra Serrano tocando músicas como Carinhoso, de Pixinguinha; Saudosa Maloca, de Adoniran Barbosa; Tico – Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu; e Coração de Estudante, de Milton Nascimento. Nessa época o Clube Lyra ainda não estava fechado para reforma e era um dos equipamentos de maior destaque na Vila.
Na avenida Fox, as entidades armaram as barracas de pratos típicos e de bebidas como vinho quente e quentão. Os artesanatos também estavam presentes: pinturas em azulejos e pratos; tapetes, cobertores, bolsas e sabonetes artesanais.
Quando a neblina avançava na parte da tarde, os turistas preferiam visitar as oficinas de arte, os trabalhos de xilogravura e litogravura e as exposições de aquarelas instaladas no interior dos imóveis históricos. Os gigantescos Bonecos de Olinda de Ubiratan Freire, conhecido por Tom, eram confeccionados na forma de trabalhadores ferroviários, carroceiros, bilheteiros e manobristas e exibidos ao público na entrada do Lyra.
Um painel de fotos e outdoors de pessoas da Vila com emocionantes frases icônicas chamava a atenção no Antigo Mercado. Um trabalho repleto de sensibilidade da artista plástica Lilian Amaral, especialista em arte pública. Através da exposição “Cidadeidentidade”, ela explicava que o cartão postal não era o relógio da Estação, réplica do Big-Ben inglês, mas a comunidade de um universo isolado co-nhecido por Paranapiacaba. Dessa forma, além de representados, os moradores estavam participando ativamente do evento até o dia 22, data do encerramento do Festival.
Foram dois finais de semana de muita expectativa por parte dos organizadores. O tempo provou que a vila inglesa ferroviária precisava de um evento de grande porte para ser reconhecida pelo mundo afora.
Planejado com o objetivo de potencializar o turismo, era também uma excelente opção de lazer na Grande São Paulo, sem precisar se deslocar até o Festival de Inverno de Campos de Jordão e outras cidades serranas. Ao final do Festival, comprovou-se o potencial turístico de Paranapiacaba com a participação de 11 mil pessoas.
Aguardem a continuação da História do Festival de Inverno na próxima edição.
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