Opinião

Para a EAD, não haverá interferência de 4G na TV digital nas parabólicas

A EAD, mais conhecida pela marca “Seja Digital”, é a entidade que supervisiona a migração total da TV analógica para a TV digital, em todo o País. Criada pelas operadoras após o leilão da faixa de 700 MHz, ela concluiu em outubro o remanejamento dos canais e alcançou seu grande objetivo: a garantia da convivência da 4G com a TV digital.
Antonio Carlos Martelletto, presidente da EAD, em entrevista ao Mundo Digital, garante que o excelente trabalho feito pela EAD na universalização da TV digital em todo o País, eliminará a interferência da telefonia 4G no sinal de TV das antenas parabólicas. As emissoras de TV investiram na transmissão digital e são responsáveis por ela.
Segundo o executivo, esse trabalho da EAD incluiu até a ajuda às famílias a receberem o sinal digital. Assim, para quem tinha televisão antiga, foi oferecido um kit para transformar uma televisão antiga em uma televisão digital. A parte das emissoras de televisão era investir para que elas mesmas se tornassem digitais. E isso foi feito em todo o Brasil, elas fizeram a parte delas. O que resta, agora, é o lado da recepção, de responsabilidade do usuário.
Segundo Marteletto, como ocorreu em ou-tros países, o governo entendeu que cabia ao Estado ajudar a população mais carente a se digitalizar. O Brasil vai superar o antigo problema da interferência dos sinais da telefonia móvel 4G e da transferência de dados nas antenas parabólicas, na faixa de 700 MHz, prevê o presidente da EAD.
Num balanço do trabalho da EAD, ele lembra que foram remanejados 1.034 canais de TV na faixa de 700 MHz, liberando o espectro para as operadoras ativarem suas redes LTE (telefonia 4G e 5G) em novas cidades. Outros 3.410 municípios, onde vivem 90% da população, já contam com a tecnologia.
Do total investido, restaram R$ 1 bilhão dos R$ 3,6 bilhões previstos para a limpeza do espectro. Segundo o executivo, o destino desses recursos ainda está em debate. Entre outras opções, ele poderá  ser usado em cabos ópticos subfluviais na Amazônia; ou em conectividade no Nordeste; ou ainda para a digitalização de canais mantidos por prefeituras. A decisão ficará a cargo do Gired (Grupo Gestor da Digitalização, coordenado pela Anatel).

Razões do sucesso
Na opinião de Marteletto, o Brasil provou sua competência para vencer o desafio da 4G, adotando “remédios” apropriados, resultando no sucesso na digitalização da TV e a expansão da 4G em três anos. “Em outros países, tiveram casos, e aqui se tomou uma série de cuidados, com as emissoras de TV, as operadoras, a Anatel e o MCTIC, para que isso fosse evitado. Efetivamente, não tivemos um caso de interferência da 4G na TV”, afirmou.
A EAD foi criada com recursos de quatro grandes operadoras do setor (Vivo, Claro, Tim e Algar), que participaram do leilão de frequências do 4G. Marteletto prevê a criação de entidade semelhante após o leilão de frequências do 5G.