Fruto de uma exitosa parceria com o Museu do Futebol e seu corpo técnico, realizou-se recentemente uma palestra sobre técnicas de conservação de troféus e medalhas em Paranapiacaba. O evento do Museu de Futebol – instituição vinculada a Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativa do Estado de São Paulo – em parceria com a Subprefeitura de Paranapiacaba e Parque Andreense contou com a participação da coordenadora Ellen Nicolau e foi ministrado pela especialista em conservação e restauro, Maria Julia Marchiori.
A atividade “Introdução à Conservação de Objetos Metálicos” foi realizada no Galpão das Oficinas com o intuito de apresentar noções sobre as técnicas e cuidados para preservar os objetos metálicos que compõem o acervo da Vila.
A oficina, que eu considero uma aula prática, foi muito importante para a manutenção de toda a reserva técnica da Subprefeitura. Como exemplo, podemos citar a recente entrega do Gabinete Histórico – inaugurado pelo prefeito de Santo André, Gilvan Ferreira, em 19 de julho durante a abertura do 24º Festival de Inverno – com relíquias que não podem ser perdidas por deterioração.
Lá estão guardados troféus, medalhas, placas comemorativas, documentos e peças da segunda metade do século XIX até meados do século XX, que fize-ram parte da construção da primeira ferrovia paulista, a Santos-Jundiaí, pelos operários da empresa britânica São Paulo Railway Company. É a história da formação da Vila de Paranapiacaba.
Maria Júlia Marchiori destacou que a ação do tempo por si só é responsá-vel pela degradação do material e a função dos que manuseiam é retardar ao máximo o processo.
O que podemos fazer? O principal fator é que esses objetos não fiquem expostos a umidade e oscilação de temperatura. É preciso limpar com produtos adequados e guardar em locais seguros para evitar danos físicos.
O metal exige certos cuidados com os produtos que usamos para limpeza. Para conservação devem ser utilizados produtos neutros e detergentes não iônicos, ou melhor, que não sejam alcalinos com fórmulas para sujeira pesada como graxa, óleo e manchas difíceis de serem removidas. Os produtos não iônicos são concentrados, não espumantes, para remoções profundas de crostas de instrumentos delicados e materiais sensíveis à alcalinidade.
Antes de iniciar a limpeza, é feita uma análise visual do objeto, tal qual uma consulta clínica. O próximo passo é verificar a documentação e registros anteriores a fim de descobrir a causa dos danos. Como cada caso é um caso diferente, o plano de ação também é estratégico e envolve limpeza e restauro, se necessário.
De acordo com a detecção do problema a peça pode ser recuperada por um restaurador. É importante esclarecer que nunca será igual ao estágio original. Deixar o troféu ou medalha como se fosse “nova em folha” pode levar à dubialidade. A peça corre o risco de ser enquadrada como réplica, ou pior, uma falsificação. Por isso, o ideal é a conservação.
O bom profissional recomenda repetir o processo duas vezes ao ano se o armazenamento for correto. Então fica a dica: use produtos neutros para guardar as peças, como a folha sulfite e caixas acrílicas que permitem a visualização e ainda protegem.
Se você tem troféus, placas ou medalhas em sua casa, siga essas orientações da especialista. São objetos que fazem parte da história de nossas vidas, que merecem ser preservadas para sempre!
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