Cerca de três mil pessoas, entre trabalhadores, famílias e apoiadores, percorreram as ruas de São Bernardo, na manhã de terça (26), em passeata contra o fechamento da Ford no município, anunciado há uma semana pela montadora. A caminhada, organizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, começou na Avenida do Taboão, em frente à portaria da empresa, logo após uma assembleia com os trabalhadores, e de lá seguiu até o Paço Municipal, num percurso de cerca de 8 km. “Nem a chuva impediu nossa manifestação. Nossa luta será árdua e vai depender muito da unidade dos trabalhadores e do apoio e solidariedade da sociedade”, avaliou o presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão.
Durante a assembleia, o coordenador do Comitê Sindical na Ford, José Quixabeira de Anchieta, o Paraíba, informou que o encontro com a direção mundial da Ford foi agendado para, quinta (7) de março. “Até lá, ninguém compra carro da Ford”, defendeu o dirigente, pedindo que os manifestantes iniciassem um movimento com objetivo de alertar a sociedade da gravidade da decisão tomada pela empresa. Além de Paraíba e Wagnão, também participará da reunião com a matriz o ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e presidente do TID (Instituto Trabalho e Indústria), Rafael Marques.
A produção na Ford permanece paralisada desde o anúncio de fechamento da unidade, por orientação do Sindicato. “Não tem retorno ao trabalho por enquanto, vamos manter a fábrica parada. A mobilização continua e a cada dia haverá nova atividade. Vamos também manter nossa articulação com governos e todas as instâncias que possam ajudar a reverter essa decisão”, reforçou Wagnão. Nesta quarta (27), informou, está marcado um encontro com o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB). A reunião será às 10h, na Prefeitura, com ele, o prefeito, representantes do Comitê Sindical, e o deputado estadual Teonílio Barba (PT).
Ao final da atividade, já no Paço Municipal, o sindicalista comentou o posicionamento de alguns empresários que têm aproveitado o momento para defender mudanças estruturais no setor automotivo brasileiro. E destacou que o Sindicato, assim como a CUT, não são contrários a que se inicie uma discussão neste sentido, mas isso deve ser feito de forma responsável sob a premissa de que o trabalhador tem de estar no centro deste debate, como prioridade. “Muitos empresários têm dito que essa é uma oportunidade para repensar o setor. Mas isso não pode ser feito sob o ponto de vista de se aproveitar o momento para aprofundar a precarização, conforme o estabelecido na reforma trabalhista”, alertou.