O prefeito de Santo André, Paulo Serra, em entrevista exclusiva, revelou que o grande destaque e o ‘divisor de águas’, destes quase três anos e meio de mandato, foi a recuperação econômica da cidade, que permitiu com que Santo André voltasse a investir em saúde, em segurança, em geração de empregos. Disse que o enfrentamento ao novo coronavírus é o “maior desafio da história da humanidade, não só de Santo André” e que o maior presente que gostaria de dar pra cidade é um que nunca havia imaginado: “Gostaria que a cidade ficasse vazia, que as pessoas ficassem em casa”.
Folha do ABC – O sr. chegou ao quarto e último ano, deste primeiro mandato como prefeito de Santo André. Poderia citar um grande destaque, que corresponde ao “divisor de águas” para os moradores, nas áreas de Saúde, Educação, Economia, Segurança, Esportes e Cultura?
Paulo Serra – O grande destaque, o divisor de águas, foi a recuperação econômica da cidade, que permitiu com que Santo André voltasse a investir em saúde, em segurança, em geração de empregos, que permitiu que o município voltasse a melhorar a vida das pessoas, com serviço público de mais qualidade. Santo André tinha ficado parada no tempo, nos últimos dez anos. Ela empobreceu, se endividou, e quando chegamos era uma cidade completamente falida. E essa falência fez com que a nossa capacidade de investimento também fosse paralisada. Acabamos com o desperdício do dinheiro público. Essa mudança de gestão, de uma administração mais enxuta, com uma folha de pagamento menor permitiu a recuperação econômica da cidade. Não só no fluxo dos investimentos, mas, também, essa recuperação conhecida internacionalmente, que fez com que Santo André voltasse ao mercado para ter acesso aos empréstimos, aos investimentos, também da rede privada.
Houve a retomada da credibilidade. Então, essa é a virada de página, uma cidade que antes estava com o nome sujo, que tinha um rating de classificação econômica E, e que hoje, tem uma classificação BB, uma das melhores classificações da história recente do município.
A redução de 80% do endividamento da cidade em três anos é uma marca que tem feito a diferença na vida das pessoas, por isso, temos dez creches para entregar, como nunca se fez; por isso que temos 17 novas unidades de Saúde; 200 km de asfalto, viadutos, avenidas, pontes, com mais de 20 mil pontos de nova iluminação de LED. Investimentos em Segurança, viaturas, armamentos, o novo COI (Centro de Operação Integrada), uma cidade monitorada, mais arrumada, limpa, com a manutenção em dia; merenda de qualidade, educação integral para as crianças. Tudo isso somado é produto desse novo modelo de gestão que é o grande divisor de águas.
Folha – O sr. enfrenta o maior desafio da história do município, a pandemia do novo Coronavírus. Como Santo André enfrenta esse problema na área da Saúde?
Serra – Com relação ao enfrentamento do novo coronavírus, é sem dúvidas, o maior desafio da história da humanidade. Vemos em países desenvolvidos, muito mais que o Brasil, que teoricamente estariam mais preparados e estão sofrendo de maneira muito dolorida e impactante as consequências desta guerra que estamos enfrentando contra o Covid-19. Então, Santo André está reagindo e a população, na sua grande maioria, tem seguido as nossas orientações. A principal delas é ficar em casa e paralela a quarentena, ao mesmo tempo que as pessoas estão em casa, é um tempo que precisamos e temos utilizado para preparar melhor o nosso sistema de Saúde na sua capacidade, porque o grande problema do coronavírus, que aconteceu em alguns países, é a velocidade de transmissão, que quando ocorre de forma agressiva, a quantidade de atendimentos faz com que nenhum sistema de Saúde, no mundo, dê conta se for na velocidade que o vírus se propaga. Temos que brecar essa velocidade e esse tempo nos permitiu construir o Hospital de Campanha no Estádio Bruno Daniel, no Complexo do Dell’Antonia, e vamos chegar a praticamente 400 leitos, mais a Universidade Federal do ABC. Tivemos um aumento muito significativo de leitos. Mas, repito, não serão suficientes caso não consigamos brecar a velocidade do vírus. Por isso que a quarentena e o isolamento social são tão importantes. Estamos fazendo a desinfecção da cidade, com caminhões, a conscientização das pessoas nas ruas, compramos testes rápidos. As medidas sanitárias estão sendo tomadas na área da Saúde e também na área Econômica, para tentarmos, por meio de programas de auxílio de renda, de cesta básica, a entrega da merenda em casa para mais de 30 mil crianças, além das atividades complementares na Educação. Temos tomado uma série de medidas para tentar minimizar os efeitos, também econômicos, na geração de empregos, que essa crise com certeza irá causar e vai deixar cicatrizes para, podermos, novamente, consertar.
Folha – Sobre a dívida municipal, dos R$ 325 milhões em 2017, quanto já foi pago? Será zerada até o final do mandato?
Serra – Dos R$ 325 milhões, já pagamos R$ 250 milhões. De uma forma geral, reduzimos em 80% as dívidas da cidade. Isso trouxe também uma credibilidade importante. A área de Desenvolvimento Econômico, em especial, a partir de 2018, começou a produzir muito, com novas tecnologias, com desburocratização dos processos, facilitando a vida do empreendedor, trazendo para cidade investimentos, geração de renda, empregos.
Folha – Como está a situação dos precatórios no município? A Prefeitura têm realizado mensalmente os pagamentos?
Serra – Com relação aos precatórios, nos reduzimos o estoque de R$ 1,7 bilhão para R$ 1 bilhão e, na dívida geral, reduzimos de R$ 5 bilhões para R$ 1 bilhão. Queremos zerar o estoque de dívidas nos próximos dois anos. Já conseguimos aprovar no Governo Federal uma linha de crédito para pagarmos a dívida de precatório praticamente à vista e parcelaremos em 30 anos. Estávamos tratando disso, está numa fase bem adiantada. Já aprovamos inclusive a lei na Câmara. Mas, infelizmente, com a crise do coronavírus, também essa negociação foi suspensa pelo prazo de 60 dias. Assim que passar, estaremos prontos para retomar essa discussão e, quem sabe, fecharmos o ano com Santo André livre do coronavírus e também livre de dívidas. Uma nova Santo André, uma cidade pronta pra crescer, se desenvolver, no caminho que já tínhamos traçado e que vem dando certo.
FOLHA- Qual o presente que o senhor gostaria de dar ao município neste aniversário de 467 anos?
Serra – O presente que gostaria de dar pra cidade é um que nunca imaginei. Gostaria que a cidade ficasse vazia, que as pessoas ficassem em casa, que as pessoas esperassem, aguardassem mais um pouco pra gente, muito em breve, viver a cidade junto novamente. Precisamos brecar esse vírus. Quanto mais eficiente for a nossa quarentena, mais rápido voltaremos ao normal. Santo André é uma cidade solidária, que atende aos nossos apelos. E, o que desejo nesse momento é isso, muita solidariedade e compreensão. O prêmio desse esforço que toda a nossa gente está fazendo será a volta da normalidade, o quanto antes. Não vemos a hora de poder viver e curtir a cidade novamente na sua plenitude. Esse é o presente e, tenho certeza, que é o presente também que todos os andreenses de nascimento, de coração e que amam essa cidade, desejam.