Opinião

Pegando na carne

Alex Atala, chef brasileiro enforcou, matou e decepou uma galinha em pleno palco num evento na Dinamarca em 2013 na frente de centenas de pessoas; participantes de reality show, ano passado, esfaquearam caranguejos em rede nacional, alguns, ainda colocaram o crustáceo em água fervendo até que morressem. No muro do cemitério da Consolação, na capital, onde passo todos os dias está a frase:” a carne é o alimento de um bicho que um dia queria viver”, a sentença, em cor lilás, é assinada por um grupo de mulheres vegan. Eu, por exemplo, não gosto de pescaria porque se eu fosse um peixe não gostaria de ser morto pela boca.
O Brasil é um dos maiores produtores de gado de corte do mundo – o que significa que é permitido criar touro, vaca, boi com o intuito de virar um proteico banquete em nossos lares. Assim também como o frango, já que o país é o maior consumidor mundial dessa ave. Tudo quanto é prato aqui tem frango, e tal iguaria está presente em nossas mesas pelo menos toda a semana. É coxinha, é torta, é frango frito, assado, isca de frango, churrasco, hamburguer, peito de frango, filet, espetinho. E eles morrem sem dó nem piedade por nós.
A selva também é aqui. Os seres humano estão no topo da cadeia alimentar, o que indica que podemos e conseguimos comer todos e quaisquer tipos de animais abaixo de nós na pirâmide da cadeia – isso inclui quase todo o reino animal. Diga-me um bicho que contenha carne e não se come? Em alguns países é cultura comer ou não comer certos animais. Há históricos de que aviões que caíram em meio a desertos, seja de neve ou areia, os próprios seres humanos se comiam entre si depois que um dos homens sucumbisse. Há indícios na história de que a prática canibalista era comum em certas tribos: questão de sobrevivência.
E é justamente essa questão que permeou a mídia durante a semana quando um caminhão cheio de porcas tombou no rodoanel, SP. Os suínos se machucaram no acidente, levando a óbito alguns deles. Os bichos estavam a rumar para uma morte iminente onde virariam jantar postos às nossas mesas. Eu adoro carne de porco, sobretudo com limão. Quem não? Nutricionistas são unânimes em afirmar que a carne de porco é a mais saborosa entre todas, e que só traz benefícios, pois contém muita proteína e é bem gordurosa – o sabor é inigualável, além do que a carne suína possui mais gorduras insaturadas (65%) do que saturadas (35%). Já experimentaram um pernil de porco assado com cerveja preta? Uma costela de porco ao forno? Lombo de porco ao leite? Costela de porco com molho agridoce? Porco a milanesa… a lista é grande.
Fato é que ativistas foram acionados em defesa dos porcos, invadiram o Rodoanel e salvaram a vida dos bichos. Os animais que não morreram foram liberados porque, uma vez machucados, comercialmente, já não prestavam mais para ao frigorífico, e então as porcas foram parar num santuário na cidade de São Roque. Indignações à parte, fato é que sempre haverá pessoas em defesa dos bichos a fim de que não virem alimentos, e sempre haverá humanos que comem essas carnes. A dona de uma grife famosa veio a público, há um tempo, se defender já que suas modelos estavam a trajar pele de animal e a empresária retrucou ao dizer que essa gente que a critica é a mesma que come carne. Ou seja, que digno direito alguns cidadãos têm de difamar quem calça couro de jacaré, já que comem bicho morto?  
É bom lembrar que os animais no Brasil existem em formas definidas de lei – mas até aí não sabemos quem é idôneo ou não, porém, a hora da refeição é sagrada e cada um faz sua prece.

Não se preocupe com o fracasso, você só precisa estar certo uma vez.” – Drew Houston, 1983, EUA – fundador do dropbox.