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PIB do ABC cresce 5,4% em 2017

Após forte retração de -15,48% no auge da crise econômica de 2015, o Produto Interno Bruto dos sete municípios que compõem o ABC paulista registrou alta de 4,9% em 2016 e de 5,4% em 2017, segundo o Índice de Atividade Econômica do ABC (iABC) pesquisado pelo Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo.

O indicador recebeu nova metodologia, com acréscimo de variáveis como arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias) das cidades e consumo de energia elétrica na indústria, o que o torna mais fiel ao ritmo da economia regional. A nova modelagem de cálculo também permite antecipar a divulgação do PIB regional, realizada com defasagem de dois anos pela Fundação SEADE (Sistema Estadual de Análise de Dados) para os municípios.

Permanecem na composição do iABC informações sobre mercado de trabalho, movimentação financeira regional e fluxos de exportação e importação. “Além da arrecadação de ICMS, o consumo de energia é importante ferramenta para análise da atividade industrial, um setor fundamental no ABC, capaz de induzir outros segmentos da economia local”, explica o economista e professor Sandro Maskio, coordenador de estudos do Observatório Econômico. A indústria responde por 23,2% do PIB regional. No Brasil, o setor industrial representa 18,5% do PIB nacional.

É importante ressaltar que, após a queda de mais de 20,5% no biênio 2014-2015, a economia do ABC passou a apresentar uma base de comparação significativamente menor para avaliar o desempenho de 2016 e 2017. De qualquer forma, um número animador é o volume de investimentos confirmados em 2017 (de US$ 5,03 bilhões), contra apenas US$ 918 milhões em 2012, segundo dados do SEADE. Dos investimentos confirmados em 2017, 90% são da indústria automobilística.

17º EconomiABC- A Metodista também divulgou o tradicional Boletim EconomiABC, que está na 17ª edição, contendo panorama do 1º semestre de 2018. Até maio, o ABC registrou acréscimo de 5.754 empregos formais, contra perda de mais de 3,6 mil no mesmo período do ano passado. A melhora foi puxada pelos segmentos da indústria de transformação e de serviços. Entre 2014 e 2017 a região perdeu cerca de 89 mil empregos formais, dos quais mais de 57 mil na indústria de transformação.

De qualquer forma, apesar de em abril o desemprego no ABC tenha atingido 16,5% da PEA (População Economicamente Ativa), abaixo dos 18,4% em abril de 2017, segundo o SEADE, não há evidências sólidas de redução da taxa tendo em vista a flutuação apresentada no período. Em 20 anos de mensuração do desemprego regional, os últimos 24 meses registram média em torno de 17% da PEA, a maior para os últimos 13 anos.

O que tem puxado a indústria, por sua vez, é a dinâmica do comércio exterior, que registra aumento no volume de exportação. Nos primeiros cinco meses deste ano a balança comercial da região apresentou superávit de US$ 356 milhões, embora 37% menor do que em igual período do ano passado.  A queda foi resultado de aumento de 14,4% no volume de exportações, que somaram US$ 235 bilhões, frente ao maior crescimento (de 33%) das importações, que registraram US$ 199 bilhões e indicam atividade produtiva mais aquecida.

Nos últimos 12 meses, a inflação brasileira acumulada esteve abaixo do limite inferior da política de metas do governo de 3% a.a. Em maio a inflação medida pela IPCA/IBGE acumulou 2,85% no ano. Os custos da cesta básica no ABC também caíram: depois de ter atingido R$ 608 em maio de 2017, a cesta básica fechou em R$ 569 em maio deste ano. Contribuíram para a redução os preços dos alimentos na Região Metropolitana de São Paulo, que nos últimos 12 meses registraram queda de 1,46%, segundo o IPCA/IBGE. Queda essa que ocorreu mais em função do aumento da oferta de alguns bens, diminuindo a pressão sobre preços, do que pela redução dos custos relacionados à atividade produtiva.

O crescimento de 1,2% da economia brasileira no 1º trimestre de 2018 não é invejável, segundo professor Sandro Maskio, mas estabelece o quarto trimestre seguido com variação positiva. O desempenho comparado a igual período do ano anterior foi o melhor desde 2014.

O cenário econômico nacional e regional para um futuro próximo passa por variáveis como as eleições de outubro, a valorização do câmbio e a ampliação da ortodoxia monetária diante dos desafios do próximo governo. As implicações podem ocorrer em especial no mercado de crédito por meio de alteração da disponibilidade de moeda e da taxa real de juros aos tomadores.