Editorial

Pix, a rota de fuga dos juros altos

   As gigantes do varejo brasileiro já têm se rendido ao Pix, pagamento instantâneo brasileiro, motivadas pela agilidade na transação e o custo zero para o consumidor e valores inferiores para as empresas, na comparação com cartão de crédito e os tradicionais DOC e TED.
   O Pix tem estimulado os varejistas, pois a transação é recebida na hora e quase sem custo, diferentemente das vendas via cartão de crédito e boleto. Além disso, em um momento tão complicado no mercado com falta de liquidez e juros a 13,75% ao ano, o PIX tem sido uma ferramenta útil para alavancar vendas.
   Apesar disso, de acordo com a Associação Brasileira de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), as empresas de cartão de crédito ainda são responsáveis pela maior fatia das vendas, tanto em lojas físicas, quanto online. Os cartões de crédito e débito ainda representam cerca de 60% do consumo das famílias e, nos últimos três anos, os pagamentos com cartão por aproximação tiveram crescimento de mais de 9.000% e, em março de 2023, já representavam 44% do total de pagamentos com cartões.
   O Pix já existe em mais de 50 países, tais como Austrália, China, Índia e Estados Unidos. No Reino Unido, por exemplo, a tecnologia existe há mais de 10 anos. No Brasil, o Pix começou a ganhar forma no final de 2016, quando equipe do Banco Central (BC) publicou um relatório com detalhes do projeto, mostrando a eficiência dos sistemas de pagamentos instantâneos, como o que já era utilizado nos Estados Unidos. Mas, somente em novembro de 2020, o Pix foi lançado no País e virou um queridinho por ser fácil, rápido e sem custos para os usuários.
   Em menos de dois anos, o Pix tornou-se o segundo sistema de pagamentos instantâneo do planeta, segundo o Banco Central (BC). Com 29,2 bilhões de transações em 2022, a modalidade detém 15% das operações desse tipo em todo o mundo. Segundo o levantamento Prime Time for Real-Time Report, realizado pelas empresas especializadas ACI Worldwide e GlobalData, somente a Índia registrou mais operações de transferência instantânea que o Brasil, com 89,5 bilhões de operações.
   Além disso, segundo a Pesquisa de Tecnologia Bancária 2022, da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), houve um crescimento de 72% na quantidade de usuários cadastrados no sistema entre março de 2021 e 2022. No mesmo período, o número de usuários com mais de 30 recebimentos via Pix no mês avançou 464%, enquanto o volume de usuários que pagaram mais de 30 transferências por Pix no mês saltou 809%.
Com isso, as empresas de varejo têm apostado em táticas para atrair o consumidor para o pagamento por Pix, como descontos, que podem variar de 5% e 10%, ou uma simples sugestão do operador de caixa. Até o argumento “antifraude”, na comparação com os cartões, tem sido utilizado. O Magazine Luiza, por exemplo, até realizou uma campanha específica: “Liquida Pix”, em abril último. Tudo em função da redução do custo das operações e um alívio para o caixa das empresas.
   Atualmente, mais de 128 milhões de brasileiros utilizam o Pix e as transações entre pessoas e empresas saltaram 163% em abril, na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com o Banco Central, ou seja, de 268 milhões para 705 milhões.
   Portanto, em um momento de inerente fragilidade econômica nacional, se o Pix puder auxiliar tanto empresas, tanto na redução de custos operacionais, quanto consumidores, no ganho de descontos, ele é mais do que bem-vindo, é uma ferramenta necessária à economia nacional.